Domingo, 17 de janeiro de 2016. A gente estava orgulhoso de ter conseguido, em poucos dias, cumprir o desafio de pôr Os Divergentes no ar a zero hora daquele dia histórico. O site criado por Helena Chagas, Orlando Brito, Tales Faria, Ivanir Bortot e por mim estreava com a cobertura dos bastidores e da votação pela Câmara dos Deputados da autorização para a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Como costuma acontecer em votações de tal dimensão histórica, a ansiedade era palpável. Com a ajuda de Lula, o governo fazia uma investida final e sua tropa de choque anunciava virada de votos. A turma pró impeachment desmentia, mas também não conseguia esconder a apreensão.
Afinal, a barganha corria solta e o preço de cada voto só aumentava. Havia uma guerra de números entre as fontes.
Antes da sessão, Tales, José Casado e eu aproveitamos para fazer um rápida refeição em uma lanchonete na Câmara. Logo nas primeiras garfadas, Tales recebeu uma mensagem por WhatsApp enviada por uma fonte do Palácio do Planalto.
Era simplesmente o mapa da votação, de acordo com as contas dos articuladores políticos palacianos. Os números indicavam que Dilma conseguiria os 172 apoios necessários – por votos, abstenções ou ausências – quando chegasse à bancada do Sergipe, penúltima a votar.
As previsões do Planalto foram logo para o ar. Foi nosso primeiro furo.
Corri atrás do deputado Mendonça Filho, coordenador do grupo pró-impeachment, mostrei o post para ele e pedi para publicar o levantamento deles mais atualizado.
Mendonça telefonou para sua assessoria e autorizou que eu recebesse a última versão do mapa que ainda estava sendo fechada. Em um jogo rápido, ela foi para o ar em primeira mão antes mesmo da sessão de votação.
Com um detalhe: acertou na mosca a previsão de 367 votos contra Dilma, horas depois confirmada em plenário. A vontade das ruas prevaleceu. Ali, Dilma caiu. Mesmo com todas as emoções, o Senado apenas cumpriu tabela.
Estreamos bem.
De lá para cá, com informações exclusivas, sacadas e análises, Os Divergentes, com nosso olhar plural, acompanhamos a evolução das crises política e econômica, com a perspectiva comum do estrago que a Operação Lava Jato poderia causar em todos os quadrantes da política brasileira.
Exato um ano depois, nessa segunda-feira (17), comemoramos nosso aniversário no primeiro dia útil depois do tsunami das delações da Odebrecht que, por vídeos, planilhas, depoimentos, escancarou de vez a corrupção no país.
A chamada lista Edison Fachin/Rodrigo Janot detonou o sistema político.
Dessa vez, além de Dilma, está afundando praticamente toda a elite política do país.
Tomara que desses escombros saia algo melhor.
A conferir.