A Lista de Fachin – o juiz Edson Fachin, da Suprema Corte – parece confirmar aquela máxima largamente repetida Brasil adentro: todo o político é ladrão. Afinal, nunca antes na história deste País tantas e tão importantes autoridades caíram na malha fina do Ministério Público e da Polícia Federal.
O axioma não é verdadeiro. Mas, com tamanha horda de malfeitores graúdos, difícil desmenti-lo.
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Acusados de corrupção, 3 governadores, 8 ministros, 24 senadores e 39 deputados federais vão ser investigados por este e outros crimes. Isto apenas no âmbito do STF, já que outros candidatos a gatunos terão que se explicar em instâncias inferiores.
A Lista de Fachin é apenas o prólogo de um roteiro que um dia deveria redundar em julgamento. Dá pra acreditar que desta vez a Justiça vai quebrar o script?
A Corte Suprema do Brasil gastou nove anos apenas para decidir se o senador Renan Calheiros deveria virar réu por peculato. Foi tamanha a demora que um dos crimes dos quais ele é acusado prescreveu.
Também senador, Ivo Cassol foi condenado pelo STF em 2013 por fraude em licitação. Até hoje, os juízes supremos não conseguiram deliberar se o sentenciado deve cumprir a pena.
Membro daquela corte, Roberto Barroso disse à revista Veja que há “risco real” de não haver punição para os meliantes do erário flagrados na prática de corrupção. Admite o magistrado que o foro privilegiado produz impunidade. Se produz, o STF é seu agente.
Não se sabe se a Lista de Fachin vai quebrar a escrita e levar a corte a condenar larápios que afanam as escassas verbas públicas, ou se vai manter a fama tupiniquim de justiça morosa e pouco efetiva. Até o momento, porém, os onze justiceiros do STF perdem disparado para Sergio Moro, o sufeta de Curitiba.
Rápido no gatilho, sagrou-se carrasco de meliantes do erário. Por enquanto, só Moro condena.