Nelson Jobim sempre brilhou com suas frases certeiras. Seu maior sucesso, quando dava as cartas na Justiça, foi simples assim: Acima do Supremo Tribunal Federal, só Deus.
Quando proclamou isso para uma plateia de parlamentares, que o ouviam investidos do poder de representar o povo, meio que chocou.
Teve de explicar que, em todas as pendências relevantes, a palavra final é sempre do STF. Foi aí que políticos que mal sabem em que jogo se meteram se assustaram.
De cabo a rabo entenderam que podem se ferrar no STF. Caiu aí o seu último bastião.
Nem só pelo tamanho do porrete.
Cada um dos 11 ministros do Supremo se considera personagem da narrativa divina de Jobim.
Egos à parte, o problema é como encarar a realidade do colapso das instituições públicas, em meio a gigantescos escândalos de corrupção.
As principais lideranças políticas no país, em qualquer lugar que estejam, apenas torcem para um veredito menor. Sabem que perderam, mas sonham com algo que não os tire do jogo.
O desespero dos políticos é jogo jogado.
O que surpreende é o que rola entre os supostos deuses do STF.
O fato de eles estarem divididos é público e notório.
O relevante é que o processo histórico colocou na mão deles um poder inédito de decisão sobre os destinos do país.
O preocupante é que eles estão com medo de exercê-lo.