A Revolução Francesa de Michel Temer

Dilma Rousseff e Michel Temer

Em 1789 os franceses tomaram o poder de seu rei à força. A França vivia uma grande crise econômica derivada entre outras coisas de gastos exorbitantes com guerras desnecessárias. Com as finanças fora de controle, Luís XVI resolveu cobrar impostos da nobreza, que de grande aliada, se tornou inimiga. A situação se tornou incontrolável quando a Burguesia e o Povo tomaram os principais arsenal e paiol (Bastilha) de Paris.

A partir desse momento foram 10 anos de voltas e reviravoltas incríveis que resultaram em mais recessão econômica, guerras e mudanças de paradigmas que marcaram toda a História do lado ocidental desse planeta azulzinho.

Partindo desse resumo, podemos comparar o impeachment de Dilma com a deposição do rei, sem fazer alusão à personalidade e vida política de ambos, por razões óbvias. Mas é fato que a “desculpa” que levou à queda de ambos foram as finanças.

No Brasil, surgiu Temer para governar o pedaço, enquanto a Alta Burguesia Girondina conduziu a França. Porém o que se viu foi justamente o contrário do que se pretendia. A participação popular no estopim foi esquecida, o descalabro financeiro aumentou e a solução foi aumentar impostos. Mas de quando eu estou falando agora?

Será que é do aumento salarial dos setores que apoiaram a deposição de Dilma? Ou do aumento de gastos da presidência da República? Talvez com a possível volta do FGTS? Ou a confusão que estão prestes a fazer com PIS e CONFINS, aumentando os tributos do setor mais produtivo (serviços)?

Se o governo anterior caiu por causa das contas, por que esse está aí? Na Revolução Francesa a queda também parecia previsível. Faltou apenas um novo estopim. No caso de lá foi a fuga da família real que fez os girondinos serem acusados de traição e consequentemente depostos.

Aqui poderia ser o enlaçamento das investigações da Lava Jato sobre o governo. Mas poderia também ser a cassação da Chapa Dilma-Temer no TSE. É uma tentativa de dizer que Caixa 2 e propina são diferentes (FHC que disse), que Temer arrecadou dinheiro para o partido não para a campanha, invalidação de testemunhos, contas separadas…

Se eu fosse o presidente Temer ficaria atento. Tudo que os neo-girondinos de seu governo não precisam é de serem arrastados para seus antecessores como os originais. Luís XVI acabou morto na sequência e a Alta Burguesia deu espaço a uma, veja bem, esquerda que instaurou a Primeira República Francesa. Suas chances de queda podem se tornar reais, como a dos seus equivalentes franceses.

 

*Felipe de Farias é historiador. O texto acima é uma colaboração para Os Divergentes.

Deixe seu comentário