O presidente Michel Temer mostrou pertinácia ao defender a nova previdência e atacar seus opositores. Segundo ele, “quem reclama é quem, na verdade, ganha mais. Quem está acima desses tetos, quem tem aposentadoria precoce”.
Foi uma reedição envernizada da manifestação do presidente Fernando Henrique Cardoso em 1998. “Não sejam vagabundos num país de pobres e miseráveis”, bradou FHC, referindo-se aos que penduram as chuteiras antes dos 50 anos.
Correto. Temer não nomeou, mas referia-se principalmente aos servidores públicos, casta geralmente apartada das agruras nacionais.
Afinal, quem mais tem, mais perde. Por isto, daqui para frente deverão pipocar campanhas propagandísticas de corporações. Alardearão que se você não se manifestar vai perder seus direitos.
Na verdade, defenderão as próprias regalias – salário alto, estabilidade e, por vezes, pouco trabalho. As campanhas pregarão que os servidores trabalham pelo bem do Brasil. Acreditará quem quiser.
Certo é que a reforma do jeito que está vai atingir a quase todos. De alto a baixo. É o caso da alteração do cálculo e da forma das pensões de viúvas do INSS, que não vão melhorar as condições do povaréu que se vira com um salário mínimo. Pelo contrário.
A questão fulcral, no entanto, reside no caixa. Se não há dinheiros para pagar a todos, algo há que ser feito antes que advenha o colapso.
Trata-se de maldade, sim. Porém, sustentam muitos economistas, não haveria outro jeito. Receber menos é melhor do que não receber. Espera-se, pelo menos, que doravante todos sejam tratados com igualdade, sem privilégios.