Cunha vira a bola sete na disputa entre Moro e Gilmar na Lava Jato

Juiz Sérgio Moro

Qualquer tipo de jogo pode ser referência na Lava Jato, do truco ao pôquer, da sinuca ao xadrez. Em todos eles, o jogo está sendo jogado. Alguns lances são decisivos para os resultados.

Em uma de suas derradeiras jogadas, Teori Zavascki anulou a tentativa de se aprovar, a toque de caixa, na Segunda Turma do STF o alvará de soltura para Eduardo Cunha. Era uma decisão tida como favas contadas, sob medida para os atuais inquilinos do Palácio do Planalto, e senha para uma reviravolta na Lava Jato.

O que Teori conseguiu ali, ao usar seu poder de relator, para transferir a decisão para o pleno do STF, foi ganhar tempo. Ele se foi, mas o problema continuou do mesmo tamanho.

Na terça-feira (7), na estreia de Edison Fachin na Segunda Turma, Gilmar Mendes — tido e havido nas cúpulas partidárias como quem vai mover a peça para dar o xeque mate na Lava Jato – antecipou um movimento crucial.

Com todas as letras, Gilmar abriu o jogo: “Temos um encontro marcado com as alongadas prisões que se determinam em Curitiba. Temos que nos posicionar sobre essa tema que conflita com a jurisprudência que desenvolvemos ao longo desses anos”.

O que se esperava é que a soltura de Cunha fosse apreciada pelo plenário do Supremo no dia seguinte. Não foi. É uma decisão tão importante para todos os protagonistas da Lava Jato que ninguém quer correr o risco de uma derrota.

Nessa sexta-feira (10), o juiz Sérgio Moro, ao julgar e negar outro pedido de liberdade para Eduardo Cunha, deu o troco em Gilmar Mendes:

“A questão real – e é necessário ser franco sobre isso – não é a quantidade, mas a qualidade das prisões, mais propriamente a qualidade dos presos provisórios. O problema não são as 79 ou os atualmente sete presos sem julgamento, mas sim que se tratam de presos ilustres”.

Sem citar nomes, Moro se referiu a Eduardo Cunha, Marcelo Odebrecht, José Dirceu, Antonio Palocci, entre outros.

E arrematou: “Neste caso, as críticas às prisões preventivas refletem, no fundo, o lamentável entendimento de que há pessoas acima da lei — e de que ainda vivemos em uma sociedade de castas, distante de nós a igualdade republicana”.

A disputa entre manter ou tirar Eduardo Cunha da caçapa é jogada decisiva para quem quer punir ou tentar escapar da Lava Jato.

A conferir.

 

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