Golpistas, golpistas, meus cargos à parte I. Parte do PT sinaliza apoiar candidatos do presidente Michel Temer às mesas diretoras da Câmara e do Senado. Em troca, ganha cargos nas mesas. Na justifica do acordo, Gilberto Carvalho, um dos líderes da sigla, chama os “inimigos” de “bloco golpista” e “grupo golpista”.
Golpistas, golpistas, meus cargos à parte II. Afora o discurso escapista de qualificar um processo constitucional, legal e amplamente popular da destituição de uma presidente que fraudou as contas públicas, esquivou-se de apurar malfeitos em seu quintal e provocou a maior recessão econômica da história republicana brasileira, a eventual opção petista não para em pé. Ou bem o PT considera que houve “golpe” e se abstém de qualquer conjunção carnal com os “inimigos” (a maioria do Congresso e a plenitude da Suprema Corte), ou reconhece que seu discurso é retórico, cujo objetivo é convencer-se de que são vítimas e não algozes.
Golpistas, golpistas, meus cargos à parte III. No fundo, a sigla busca sinecuras para acomodar companheiros. A visão utilitarista do Estado é a mesma que fez camaradas se apoderarem da Petrobrás para alimentar a “causa”. No fim, a causa política se mistura à causa pessoal. A catilinária enfadonha, enfim, livra a agremiação de encarar seu legado: destruiu a política, conspurcou a ética e esfrangalhou a economia, jogando milhões no ceticismo e no desalento.
Golpistas, golpistas, meus cargos à parte IV. Como resumiu o deputado André Figueiredo (PDT), candidato de oposição à presidência da Câmara, em entrevista ao jornalista Daniel Carvalho, da Folha de S. Paulo, o gesto representa trocar “princípios por cargos”.
Meu apartamento I. O governo, de acordo com a jornalista Gabriela Valente, d’O Globo, planeja levar o Minha Casa, Minha Vida para as áreas urbanizadas. Ou seja, em vez de construir casas em periferias longínquas e sem infraestrutura, erguer edifícios em zonas próximas ao centro das cidades.
Meu apartamento II. Pergunte a um sem-teto o que ele prefere: uma casa distante em local ermo ou um apartamento em área urbanizada? A tradição, desde tempos imemoriais, passando pelos 13 anos de governo de esquerda, é despejar sem-tetos bem longe das áreas mais valorizadas. A novidade é uma engenharia social difícil, mas que merece ser debatida – o que, até aqui, não é hábito do governo Temer, que prefere a decisão intramuros.