Renan Calheiros tem fama de dar nó em pingo d`água. Fama merecida. É um craque no joguinho político brasiliense. Desde que conseguiu passar a perna em José Sarney, tornou-se imbatível na bancada do PMDB no Senado.
Almas gêmeas no quesito esperteza política, não ficou ressentimentos: Renan e Sarney se uniram para reinarem no Senado. Não há tempo ruim para a dupla.
Finta daqui, dribla dali, com o apoio de Sarney, Renan consegue se manter vivo nas disputas internas.
Seus colegas no PMDB sabem que ele puxa a fila dos que, no Senado, serão abatidos pela Operação Lava Jato com a abertura das caixas pretas de propinas das principais empreiteiras do país.
Mesmo assim, Renan dá um nó neles. Deixou no ar a sugestão, atribuída a Sarney e a Jader Barbalho, de que deveria sair da ribalta. Assim, abriu caminho para correligionários de olho na liderança do PMDB no Senado – entraram no páreo Raimundo Lira, Eduardo Braga, Waldemir Moka…
No mesmo script, foi ao ar a versão de que o interesse de Renan seria a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, onde montaria um bunker para prosseguir em sua luta contra juízes e procuradores.
Ao embaralhar as cartas, Renan gerou apreensão no Palácio do Planalto, que ainda prefere um caminho de menos conflito com a Justiça. Acuado pelas investigações, Renan aposta em uma guerra aberta para tentar melar o jogo.
Ao assustar aliados palacianos, ele conseguiu mover o pêndulo na bancada do partido no Senado. De repente, uma penca de senadores aparece no páreo para o comando das comissões, entrando no jogo Garibaldi Alves e Edison Lobão.
E a tão cobiçada liderança do PMDB no Senado? Renan se apresenta como nome de consenso, com o propósito de unir a bancada.
Quer continuar a dar as cartas no Senado. Avalia que, como líder, enquadra Eunício Oliveira e Michel Temer.
Simples assim. A conferir.