Aumento para servidores públicos e rejeição a privatizações. Estes dogmas, desde sempre defendidos pelo PT, foram encampados pela Câmara dos Deputados na votação da renegociação das dívidas dos estados na tarde desta terça, 20. Ou seja, a União vai tirar de quem tem menos para dar a quem tem mais.
Em meio à maior crise econômica da história do País, com 12 milhões de desempregados e projeções do aumento de desocupados em 2017, os partidos decidiram preservar privilégios de quem já é privilegiado. Tudo com a complacência do presidente da Casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Enquanto um contingente recorde de brasileiros vive sem salário, programas de assistência e transferência de renda aos excluídos são podados e os investimentos empresariais são engavetados, a Câmara cede à pauta petista. Dogmas, que pareciam enterrados pela realidade, ressurgem com o apoio de todos os partidos.
No momento em que estados perdulários, tendo à frente governadores que não se dispõem a enfrentar corporações, rumam à falência, a Câmara dos Deputados resolve preservar regalias de quem tem emprego e aposentadoria garantidas. A Câmara vetou até mesmo os PDVs (Plano de Demissão Voluntária) e as alíquotas mais altas para inativos (cujo déficit foi de R$ 77 bilhões em 2015).
Mais. Estados que não têm recursos para o custeio da saúde, educação e segurança resistem em privatizar e em ceder à iniciativa privada o que não sabem ou não podem administrar. O PT hoje é oposição minoritária, mas continua impondo um modelo que levou o Brasil a maior recessão da história.
Ancorado em corporações de servidores que têm como alvo quase exclusivo engordar privilégios, o PT continua protegendo o andar de cima em detrimento do povaréu. Resta a Temer vetar o projeto que renegocia a dívida dos estados, peitando os governadores, ou ceder à pauta que parecia moribunda.