Tudo começou com um pedido inusitado. “Senador Omar Aziz, venha à Mesa com urgência”, chamou Renan Calheiros. Demorou alguns segundos antes da ficha de Aziz cair.
Ele, então, subiu os degraus que levam à Mesa. Ali, ocorreu um diálogo, flagrado por microfones que deveriam estar mudos, que expôs toda a armação de Renan. Aziz perguntou quando iria ser. Renan respondeu: “Vamos votar agora”.
Aí, vazou pelos indiscretos microfones: “Vamos ganhar bacana”.
Em seguida, Renan anunciou a votação da Lei de Abuso de Autoridade. O problema é que ela abre a possibilidade de punição para investigadores e juízes, por interpretações legais e sentenças judiciais, caso investigados, réus e condenados não concordem com elas.
O primeiro ato foi uma dobradinha entre Roberto Requião e Jader Barbalho para tentar esconder o óbvio: o projeto não seria uma represália à Operação Lava Jato. Pura cascata retórica.
Necessária, porém, para estimular senadores, favoráveis à proposta, mas com receio de se expor à censura da opinião pública.
Renan chamou autores de requerimento para falar contra a urgência na votação. “Ou, como diz Requião, a favor do abuso”, disse Renan, em uma clara falta de respeito contra os colegas contrários às represálias à Lava Jato.
Não deu certo. Os líderes não toparam o rolo compressor. E a votação foi adiada. Renan perdeu mais uma. Bacana.