Como em todas as crises, é preciso tomar o pulso desta dia a dia, hora a hora. O boletim médico deste momento mostra que o paciente ganhou certo oxigênio com a aprovação da PEC do Teto no Senado ontem. As pulsações do PIB se animaram um pouquinho e a mídia tirou temporariamente o pé do acelerador das delações da Odebrecht. O que não quer dizer que amanhã Michel Temer não volte a ser sufocado por novos depoimentos e tenha que retornar ao respirador.
É quase certo que, nos próximos dias, o presidente terá que se submeter a algumas amputações de membros do governo citados nas delações. A dúvida é quem irá primeiro, se Eliseu Padilha ou Moreira Franco.
O paciente já começa a aceitar o fato, mas ainda recusa o procedimento a que, em último caso, terá que ser submetido: um transplante do coração do governo. O novo órgão seria doado pelos tucanos, mas teria que bater na área econômica.
Por fim, a grande preocupação dos médicos é que o doente seja acometido por uma forte infecção, esta sim mortal: a doença das ruas. Os protestos de ontem após a aprovação da PEC do Teto, com cartazes de Fora Temer, deixaram muita gente assustada. Podem evoluir ou não – e, nesse sentido, as festas natalinas podem ajudar a fortalecer o doente com uma dose de repouso. Mas todo mundo sabe que não existe antibiótico capaz de conter essa infecção quando ela se alastra.