A turma que hoje dá as cartas no Palácio do Planalto desdenhava o jogo político na gestão Dilma Rousseff. O diagnóstico: os erros em sequência, mais do que falhas de uma presidente sem jogo de cintura, eram frutos da arrogância de Aloisio Mercadante e outros petistas que se achavam craques em disputas em que atuavam como pernas de pau.
O desempenho hoje dos profissionais da política no Planalto sem dúvida consegue bons resultados nas tramitações de propostas espinhosas no Congresso Nacional, como a PEC do Teto dos Gastos.
O problema é a sucessão de erros no dia a dia. Por retardar decisões, Michel Temer teve que demitir uma série de ministros só depois de amargar o desgaste por cada um deles.
A exemplo de outros protagonistas nos Três Poderes, Temer agora vai ter de pagar um preço por ter participado da operação para salvar Renan Calheiros no STF. Se tivesse dado uma circulada no Congresso, que tanto conhece, ou no próprio Supremo,ele teria notado que era uma quinta-feira de ressaca.
Se lesse o que os sites de notícia destacavam e as redes sociais bombavam, Temer teria agido como os outros parceiros do acordão que salvou o pescoço de Renan e se recolhido.
Quis mudar de assunto. Deixou vazar que o tucano Antônio Imbassahy seria o sucessor de Geddel Vieira Lima na articulação política, ainda com mais poderes, e trombou com sua base parlamentar.
Quem gritou foi o Centrão. Foi o bastante para assustar o Planalto. Mas, nos bastidores, a insatisfação é maior. Tem uma ala do PMDB que apoia essa opção, outra que rejeita. Entre os próprios tucanos, por ser aliado de Aécio, Imbassahy não é consenso.
Uma quinta-feira para ser um dia de respiro, por inabilidade palaciana, pode ter criado uma nova crise. Ainda que menor, um problema para um governo frágil.