Por um lado, o governo vai exigir que os brasileiros trabalhem 49 anos e tenham 65 anos de idade para auferir a aposentadoria integral (R$ 5,2 mil). Por outro, não alcançados pela reforma da Previdência, servidores continuarão recebendo R$ 33 mil mensais – ou muito mais.
De um lado, cidadãos recebendo benefícios miseráveis de meio salário mínimo. Pobres, por óbvio. Do outro, juízes e procuradores com penduricalhos que sozinhos representam muito mais do que os R$ 440 (meio mínimo). Abastados, certamente.
Trabalhadores rurais, precocemente envelhecidos e sem férias, passarão a contribuir. Já magistrados e procuradores prosseguirão com quase três meses de descanso por ano – sem contar as semanas enforcadas pelos feriados.
O País vai continuar assistindo quem morre mais cedo se aposentando mais tarde. E quem tem vida longeva se aposentando mais cedo. O presidente Michel Temer não mexeu nestes privilégios.
Deste jeito, são pequenas as chances de o governo aprovar estas reformas da Previdência Social. A gigantesca pressão das corporações, um presidente impopular e um Congresso Nacional acossado tornarão tudo muito, muito difícil.
Chama a atenção, ainda, a exclusão dos militares das reformas. Enquanto os mais pobres serão os mais sacrificados, os militares, que têm estabilidade, ganharão regra à parte. Apenas considerações técnicas ou medo de afrontar a caserna?