Mesa do Senado resolve descumprir liminar do ministro Marco Aurélio que afastava Renan Calheiros da Presidência do Senado e faz a crise entre poderes subir de patamar. Ao optarem pela decisão ser tomada pelo colegiado, e não apenas por Renan, seus aliados avaliam que ele não corre o risco de ser preso, por outra medida do próprio Marco Aurélio por obstrução de Justiça ou desacato a uma decisão judicial.
Os senadores consideram impensável uma ordem para prender todos os 11 membros da Mesa do Senado. A opção por uma posição não foi exatamente o que Renan queria. Ele insistiu em levar a questão para o plenário do Senado. Vários colegas desaconselharam esse caminho por considera-lo capaz de provocar uma crise institucional.
O mesmo ocorreu com a nota subscrita pelos dirigentes do Senado. Na primeira versão, o desacato era explícito. Na segunda, a decisão foi mantida, mas o texto amenizado.
O argumento dos dirigentes do Senado é de que a canetada de Marco Aurélio desrespeita a independência entre os poderes. A sessão do Senado foi suspensa e todos vão aguardar a posição a ser definida nessa quarta-feira (8) pelo plenário do Supremo Tribunal Federal.
Em entrevista coletiva, Renan disse que toda vez que o Senado toma iniciativa contra os super-salários que extrapolam o teto constitucional, Marco Aurélio reage. “Ele parece tremer na alma”. Uma afirmação bem ao estilo Renan de responder a ataques com insinuações.
Também pesou na avaliação dos senadores o fato de a liminar de Marco Aurélio abrir um perigoso precedente.
Há décadas, não se esteve tão perto de uma crise institucional.
Há bombeiros dos Três Poderes em ação tentando apagar a fogueira.