Desde a ascensão de Eduardo Cunha ao comando absoluto na Câmara, o PT virou saco de pancada nas votações em plenário. Na madrugada dessa quarta-feira (30), voltou a dar as cartas nos embates em plenário.
Ao protagonizar o enfrentamento a juízes e procuradores, com propostas para alterar o pacote de medidas anticorrupção, apresentadas pelo Ministério Público, o PT liderou forças da direita à esquerda.
O PSOL brilhou tanto quanto o PT. Nunca foi tão elogiado por adversários de direita como referência ética por quem sempre os tratou como verdadeiros espantalhos. Líderes conservadores estavam encantados com seu desempenho.
O PSOL até venceu votação, com apoio e aplauso de seus tradicionais adversários.
Nesse roldão, propostas para endurecer as regras contra o enriquecimento ilícito de funcionários públicos, abolir prescrição retroativa de crimes, um absurdo que só existe no Brasil.
O PT puxou o coro para manter essa aberração. “Se essa prescrição é uma jabuticaba, é uma boa jabuticaba”, disse, em plenário, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Foi além. O PT propôs que o Ministério Público seja excluído dos acordos de leniência, uma maneira do governo se acertar com empresas envolvidas em corrupção sem passar pela Justiça. Mais um passo atrás aprovado.
A ordem era ampliar os poderes dos advogados de defesa em relação ao procuradores. Foi aprovado até uma proposta de que, na sala de julgamento, o advogado não pode ficar em uma posição física inferior ao promotor. Cada um deve sentar na mesma altura do outro. Parece até piada.
Outras medidas, aprovadas por unanimidade na Comissão Especial Anticorrupção, foram caindo uma atrás da outra. Quando entrou em pauta a possibilidade de os partidos serem punidos quando seus dirigentes forem apanhados em corrupção, a rejeição foi praticamente unânime.
O plenário Ulysses Guimarães assistiu nessa madrugada uma rara unidade de quem fingiu aprovar agir para desfigurar o pacote de medidas anticorrupção. Foi a madrugada da impunidade.