Quem morre de véspera é peru. Duas pesquisas trouxeram certa animação ao Planalto neste início de semana. O DataFolha, segundo o qual só 39 senadores já declaram ser favoráveis ao afastamento definitivo de Dilma, ou seja, à sua condenação – em contraponto aos 48 que já se decidiram pelo prosseguimento do processo e o afastamento temporário. E o Ibope mostrando que 62% das pessoas defendem novas eleições e que o apoio declarado à posse de Temer não passa de 8%.
De fato, os números mostram que o jogo ainda está sendo jogado. Por esses levantamentos, a presidente ainda pode lutar por sua absolvição final no prazo de 180 dias do julgamento. O problema é que não há sinais de que, entre os dias 12 e 14 de maio, o governo conseguirá evitar o impeachment.
Lutar para voltar ao cargo depois de afastada é muito mais difícil do que lutar para não sair dele. O retorno ao cargo de um presidente nessas condições nunca ocorreu – embora, tecnicamente, tenhamos tido apenas um impeachment, que, por tudo o que se vê, não pode servir de parâmetro para a atual situação.
Ao fim e ao cabo, o que vai decidir a parada – que pode durar bem menos do que os 180 dias do prazo – será a capacidade de Michel Temer de, nesse período, tornar seu governo um fato consumado. Ou seja, as nomeações que fizer para a equipe e suas primeiras medidas, sobretudo na área econômica. Se o mercado e o establishment político o reconhecerem e referendarem como presidente, a fatura estará liquidada. Se não…