A repercussão da morte de Fidel Castro no Brasil e no mundo é do tamanho do comandante: enorme. Muito mais do que poder ou influência na realidade concreta das relações internacionais, a dimensão do “líder espiritual da esquerda”, como vem sendo chamado por alguns veículos de imprensa, transparece no plano simbólico.
Entre nós, brasileiros, Fidel deixa órfã uma geração de sessentões da esquerda que sempre o tiveram como referência política e símbolo da luta pelos ideais que nortearam, também no Brasil, o combate às desigualdades. Essa turma sempre relevou os erros do regime político cubano, que nunca encarou de frente a democracia e era classificado como ditadura pelos outros campos do espectro político.
Goste-se ou não de Fidel, líderes do Brasil e do mundo estão vindo a público hoje reconhecer a dimensão e a importância que ele teve na história nos últimos 50 ou 60 anos.
Por aqui, os ex-presidentes Lula e Dilma, que tiveram contato mais próximo com o comandante, fizeram notas emocionadas. Fernando Henrique se manifestou como sociólogo, reconhecendo a grandeza de Fidel e sua importância nas lutas pela emancipação social na América Latina, ainda que criticando o regime autoritário cubano.
Com uma nota meio insossa e tímida, o presidente Michel Temer destoou. Disse o óbvio: “foi um líder de convicções”, completando que Fidel “marcou a segunda metade do século 20 com a defesa firme das ideias em que acreditava”. Faltou dimensão histórica e alguma referência às relações com o Brasil e os investimentos brasileiros lá. Parece que o Planalto ficou com medo de desagradar suas bases à direita.