Pressionado por todos os lados, Onyx Lorenzoni anda atordoado. Horas atrás, quando seguia para intensas negociações, sob o comando de Rodrigo Maia, sobre mudanças em seu relatório sobre o pacote anticorrupção apresentado pelo ministério público, não escondia a preocupação.
Onyx ouviu um “boa sorte, deputado”. Respondeu: “Obrigado, mas não resolve”.
Líderes de vários partidos insistem na aprovação da inclusão de juízes e promotores entre as autoridades que podem ser processadas por crime de responsabilidade. Onyx foi a favor, convencido pelos procuradores que isso não deveria ser misturado com as 10 medidas contra a corrupção, voltou atrás.
Nas últimas horas, sofre intensa cobrança por parte dos colegas para rever de novo sua posição. Esperava ter maioria na comissão, mas perdeu a esperança quando deputados que estavam do seu lado foram substituídos por outros contrários ao relatório.
Além desse ponto, o lobby nos bastidores é intenso pela aprovação da anistia ao caixa 2. Só que os políticos estão preocupados com a reação da população. “Todo dia, recebo entre 80 e 100 mensagens pedindo para eu votar contra essa anistia”, diz um deputado que pediu para não ser identificado.
Poucos defensores da anistia se expõe. Aliado até o fim de Eduardo Cunha, o deputado Carlos Marun é um deles: “Caixa 2 não é propina, não é corrupção, sequer é crime”, afirma.
O PT está abertamente contra as medidas propostas pelo Ministério Público. “Elas são muito ruins, o PT vai votar contra”, disse hoje, da tribuna da Câmara, o deputado José Geraldo (PT-PA), integrante da comissão.