O presidente do Senado chama o ministro da Justiça de chefete de polícia, um juiz do DF de juizeco e a PF de facista. Tem o apoio de um ministro do STF para aprovar uma lei contra o abuso de poder e nas críticas aos excessos da Lava Jato, cujo juiz agora resolveu jogar os parlamentares contra a parede na votação dos projetos anti-corrupção, instando o Congresso a dizer de que lado está. No pano de fundo de tudo isso, os executivos da maior empreiteira do país fecham um acordo de delação que distribui democraticamente por todos os principais partidos e caciques políticos do país pesadas denúncias de corrupção e caixa 2.
Alguém imagina que alguma coisa vai dar certo nesse clima? Muito difícil, sobretudo quando se trata de reformas que dependem de amplas maiorias parlamentares. Só que não: tudo indica que a Câmara dos Deputados vai aprovar hoje em segundo turno a PEC do Teto, que poderá então tomar o rumo do Senado.
Apesar de sua fúria contra o ministro da Justiça e muitos outros, Renan Calheiros já disse que não revidará na PEC do Teto. É o caso de esperar para ver, mas é possível que os senadores não queiram, de fato, levar o ônus de ser responsáveis por inviabilizar o país desde já. Sabem que outros podem levar essa culpa mais adiante.
Mas vai ficar muito difícil fazer qualquer coisa no Congresso a partir daí. Por isso, muita gente está considerando a votação da PEC do Teto como uma espécie de último baile da Ilha Fiscal do atual establishment político.