Renan testa até aonde vai seu poder com pressão para demitir ministro da Justiça

Senador Renan Calheiros. Foto Orlando Brito

Ao emplacar Marx Beltrão no Ministério do Turismo, Renan Calheiros mostrou que, no governo Michel Temer, tem cacife para nomear ministro. Desde sexta-feira, o presidente do Senado usa o peso do cargo para forçar a demissão do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes.

Como não teve sucesso em suas primeiras investidas sobre Michel Temer, Renan resolveu engrossar a voz. Em entrevista coletiva, afirmou que Alexandre de Moraes não se comporta como ministro de Estado, mas, sim, como “chefete de polícia”. Disse ainda que ele fala mais do que deveria, vai acabar “dando bom dia a cavalo”.

A intenção de Renan, ao usar e abusar de expressões no mínimo provocativas, foi atrair o ministro para um bate-boca e, assim, cavar a própria cova no governo. Temer aconselhou Alexandre de Moraes a não polemizar com Renan. Até agora, ele está seguindo a risca o que Temer pediu. A ordem é deixar Renan perder as estibeiras sozinho.

Mas quem sustenta Alexandre de Moraes?  Perguntei ao deputado Lúcio Vieira Lima, irmão do articulador político do Governo, Geddel Vieira, se Renan consegue derrubar o ministro da Justiça. “Você tem de perguntar aos tucanos”. Em seguida, ele chamou o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), e pediu para ele responder a pergunta sobre até aonde vai a influência de Renan no governo. Ele sorriu, mas não respondeu.

O ministro da Justiça é ligado aos tucanos, em especial ao governador Geraldo Alckmin, que saiu fortalecido das urnas. Alexandre também tem boa relação com Michel Temer. Durante sua interinidade na Presidência da República, ele se hospedou durante um fim de semana na casa do ministro em um condomínio em São Paulo. “Michel gosta muito dele, mas também não pode bater de frente com o Senado. Está diante de uma escolha de Sofia”, me disse um bem informado ministro de Temer.

Alexandre também tem se mostrado defensor da Operação Lava Jato e de outras investigações sobre corrupção e sua saída poderia provocar reações. Ainda mais se for substituído por alguém identificado como contrário às apurações.

O que complica ainda mais essa equação é o fato de Renan estar sendo estimulado por parceiros do PMDB no Senado a substituir Alexandre de Moraes na Justiça. Como escrevi aqui na sexta-feira.

Renan responde a uma penca de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, mas diz que nenhum deles o preocupa. “São investigações sobre disse me disse. Não vão dar em nada, porque não vão conseguir provas. Nada do que acusam é verdade”, afirma.

 

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