A prisão de Eduardo Cunha deu um nó no discurso petista. Eles vinham numa escalada de ataques ao juiz Sérgio Moro e a força-tarefa da Operação Lava Jato, acusados de serem aliados dos inimigos do PT e do ex-presidente Lula.
Entre uma postura de euforia com a prisão de Cunha e de receio de que o próximo da fila possa ser Lula, lideranças petistas atiraram para todos os lados. O site nacional do PT repercutiu algumas manifestações de parlamentares petistas nas redes sociais. “Sem expectativas quanto aos objetivos do Moro, mas é um alívio ver Cunha preso”, escreveu o senador Lidbergh Farias.
Essa dubiedade é expressa também nas queixas sobre a demora para a prisão de Eduardo Cunha. “Como não pensar que a morosidade foi para ajudar o governo Temer. O futuro pode mostrar o preço do golpe”, afirma a deputada Maria do Rosário, ex-ministra do governo Dilma.
O problema é que o alvo do PT é Sérgio Moro. Só que, durante meses, o pedido do Ministério Público de prisão de Cunha tramitou no Supremo Tribunal Federal.
A menos de um mês o processo foi transferido para a Justiça Federal em Curitiba. Como sempre, lá a tramitação é célere. Quem não gostou foram os advogados de Cunha, acostumados ao ritmo mais lento das investigações comandadas pelo STF.
O PT já havia sofrido um forte revés quando constatou, durante a campanha eleitoral, que a narrativa de que cassação de Dilma Rousseff não sensibilizou o eleitorado. Pelo contrário, quem apostou nisso perdeu votos. A maré não anda nada boa para o PT.