Formalmente pesou nas cassações do redivivo Eduardo Cunha e do ex-senador Luiz Estevão terem mentido em manifestações no Parlamento. Em entrevista a GloboNews nessa quinta-feira (15), o senador Marcos do Val qualificou sua “mentira” sobre uma reunião em que ele, Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira tramaram uma armadilha para o ministro do STF Alexandre de Moraes e um golpe de Estado, como uma “tática de persuasão”, inspirada na Segunda Guerra Mundial. Parece apenas maluquice, mas é mais que isso.
Ele foi um dos peões escalados para desmoralizar Alexandre de Moraes e melar o resultado da eleição presidencial em que Lula derrotou Bolsonaro. Vista pelo retrovisor parece apenas uma Operação Tabajara. Mas quando se junta com peças como o decreto de intervenção no Tribunal Superior Eleitoral, apreendido na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, e uma penca de investidas como a tentativa de assalto à sede da Polícia Federal e a explosão abortada de um caminhão de combustível no Aeroporto de Brasília, não parece nem um pouco com piada de mau gosto. Muito pelo contrário.
Quem ouve o Marcos do Val, que apresenta como sua principal credencial ter sido instrutor da Swat, uma unidade policial americana, costuma minimizar seu protagonismo por causa de seus raciocínios caóticos. Mas entre estrategistas do bolsonarismo (eles existem!), extravagâncias à parte, o senador é uma peça chave pra tentar virar o jogo na CPMI dos atentados de 8 de janeiro. Estaria sendo municiado pela turma de arapongas que deu as cartas nos últimos quatro anos sob o comando do general Augusto Heleno no Gabinete de Segurança Institucional.
O evidente propósito dessa tática é confundir o jogo. Misturar alhos com bugalhos. Querem atribuir os atentados contra o Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal às vítimas. Além dessa total inversão dos fatos com o que alimentam suas redes sociais, eles fazem de conta que, além dos adversários escolhidos como o ministro Flávio Dino e Alexandre de Moraes, estão agredindo todos os brasileiros que querem viver num país democrático. O ditadura nunca mais não é apenas mais um slogan. Esse é o cerne dessa questão.
A busca e apreensão da Polícia Federal nessa quinta-feira nas casas de Marcos do Val em Brasília e Vitória e em seu gabinete no Senado Federal, em cumprimento de ordem judicial do STF, é apenas um passo a mais dessa investigação com o propósito de varrer essa nuvem golpista que chegou a nublar boa parte do país. Tudo tem limite. Todos esses conspiradores contra a democracia, a começar pelo líder Jair Bolsonaro, têm contas a pagar.
O mínimo que se espera do Senado é não passar pano pra Marcos Val e também rejeitar a absurda lei, inspirada por Eduardo Cunha, que legaliza a lavagem de dinheiro aprovada na calada da noite da quarta-feira (14).
A conferir.