Condenação de Bolsonaro no TSE é certa. A única dúvida é se vai atrasar

A inelegibilidade de Bolsonaro pode trazer a normalidade de volta à politica brasileira.

Nesta quinta-feira todas as atenções do mundo político estarão voltadas para o TSE no julgamento da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije), proposta pelo PDT contra o ex-presidente Bolsonaro por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, no caso da reunião com os embaixadores, em julho do ano passado. O processo pode deixa-lo inelegível por 8 anos.

Deltan Dallagnol. Foto Reprodução Twitter

Dez entre dez analistas de política dão como certa a condenação do capitão, já conformado com o seu destino. A única dúvida é sobre quando o veredito sairá, se no primeiro ou no segundo semestre deste ano. É certo que o julgamento de Bolsonaro não será tão rápido quanto o do ex-deputado Deltan Dallagnol, que durou pouco mais de uma hora. Pode demorar de três sessões a 90 dias, caso haja um pedido de vista, neste caso as apostas recaem sobre o ministro Nunes Marques.

Ministro Nunes Marques – Foto Fellipe Sampaio /SCO/STF

Por ser o penúltimo a votar – o último é o presidente, ministro Alexandre de Moraes – há quem acredite que Nunes Marques não vai encarar o desgaste para garantir apenas alguns meses de sobrevida ao ex-presidente, principalmente se o placar for mesmo o que vem se desenhando: uma maioria folgada a favor da condenação.

Com esse resultado quase certo, o que se começa a discutir a partir da decisão do TSE é o futuro da política pós-Bolsonaro. Claro que a tentativa de golpe ainda ocupará espaço no noticiário e nos meios políticos e jurídicos do país, mas com bem menos peso do que vem ocupando atualmente. Bolsonaro não tem nenhum herdeiro político direto. Os filhos não ocupam o seu espaço e a ex-primeira-dama Michele, enrolada com joias e rachadinhas, não tem estofo para encarar uma briga nacional.

Tarcísio de Freitas e Romeu Zema – Foto Reprodução

Ausência de Bolsonaro das urnas deverá acalmar um pouco o radicalismo que tomou conta da política brasileira nos últimos cinco anos. E isso é um ponto positivo que deve ser avaliado. Afinal, a direita terá que se reorganizar e isso leva tempo. Os nomes que aparecem como alternativas são os governadores de São Paulo, Tarcísio Freitas, e o de Minas Gerais, Romeu Zema. Ambos têm estilos bem diferentes do ex-presidente.

Lula e Bolsonaro – Foto Reprodução

Para o presidente Lula a inelegibilidade de Bolsonaro talvez não seja uma notícia tão boa quanto se pensa. Afinal, ele não terá mais de quem falar quando tiver que desviar o foco de algum tema desagradável. Para o bem e para o mal seu governo será a principal fonte de notícia política.

E vamos combinar que um opositor como Bolsonaro é mais favorável do que contra. Afinal, o medo da volta do capitão faz com que muitos eleitores não critiquem o presidente. Além disso, o ex-presidente tem sido uma oposição muito ausente. Enrolado em suas tentativas de golpe, nem tem tempo para criticar e apontar os erros do sucessor.

Tribunal Superior Eleitoral (TSE) convoca jornalistas estrangeiros para julgamento de Bolsonaro – Foto Alejandro Zambrana/Secom/TSE

O único medo é de que Bolsonaro seja vitimizado com a decisão do TSE, especialmente por ter Alexandre de Moraes, seu maior inimigo, como presidente da Corte. Mas esse é um risco que já tá contabilizado. Se a radicalização política diminuir e as instituições se normalizarem, em 2026 Bolsonaro não será lembrado.

A conferir.

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