O chanceler José Serra andava recolhido, muito quieto, nos últimos tempos – segundo amigos, abalado por ver seu nome citado entre os de politicos que teriam recebido recursos de empreiteiras no caixa 2. Aliados e companheiros de Sao Paulo, inclusive, reclamavam que o ministro não estava cumprindo o papel que, nos bastidores, esperavam dele: o de ser um contraponto econômico ao colega da Fazenda, Henrique Meirelles, mais ligado ao mercado financeiro do que aos setores produtivos.
Na viagem à India para acompanhar Michel Temer na reunião dos Brics, porém, Serra parece ter desencantado. Na ausência de Meirelles, deu palpites sobre a queda dos juros, que deve ocorrer esta semana, e apoiou a criação de uma agência de rating dos Brics, ideia dos indianos rejeitada unanimemente pelos bancos centrais dos demais integrantes do grupo.
Além de deixar Meirelles com as orelhas ardendo, Serra agregou um pouco mais de emoção à velha TPC, a tensão pré-Copom, que não se sentia há tempos em terras brasileiras. Afinal, ha muito não se via qualquer movimento de redução da taxa Selic. Mas o pessoal do BC está preocupado. Acha que pode haver expectativa exagerada e, depois, pancadaria política caso ela não se concretize.