Com a derrocada de Eduardo Cunha, o Centrão parecia ter ficado sem pai nem mãe. Mas os partidos que o compõem até que se saíram bem nas urnas, também foram beneficiados pelo desastre eleitoral do PT e seus aliados. Isso foi o suficiente para ganharem fôlego, buscarem um novo figurino, se apresentarem como alternativa de poder na Câmara e força auxiliar na corrida para o Palácio do Planalto.
Os partidos que compõem o Centrão estão ciscando em vários terreiros. Sempre identificados como de direita e fisiológicos, mercadoria no balcão em todos os governos, ensaiam ir agora às compras. Querem adquirir um verniz em forças tidas como de esquerda.
Jogam isca para o PT e satélites, invertendo o processo de assédio que vigorou durante todo o reinado petista, acenam para o PSB e geram ciúmes no PMDB e outras forças hegemônicas no governo Temer.
Para quem tinha como diagnóstico o esfacelamento e o fim, o Centrão anda serelepe. Pode se beneficiar do fato de os tucanos darem como certa a eleição de um deles como o próximo presidente da Câmara dos Deputados. Aliados e adversários do PSDB, avaliam como escolher um candidato que abata os tucanos.
É aí que o Centrão se sente de volta ao jogo. Começa a partida pondo seus candidatos na vitrine – Jovair Arantes (PTB), Aguinaldo Ribeiro (PP) e Rogério Rosso (PSD). Mas se diz aberto a negociar.
No novo figurino, seus líderes podem até apostar em um candidato filiado a um partido mais à esquerda com quem tenham identidade. Caso, por exemplo, do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI).
Por coincidência ou não, Heráclito tem circulado na Câmara com um belo paletó de linho, que ele diz ter sido feito, com tecido confeccionado pela empresa do pai do senador Tasso Jereissati, para o ex-governador Ademar de Barros.
Se o Centrão, em vez de 13 legendas, fosse um partido, poderia batizar o instituto partidário de Fundação Ademar de Barros. No caso, patrono melhor não há.