O Brasil acordou em choque na última quarta-feira (5) com a notícia de que mais uma escola havia sido atacada. Desta vez 4 crianças, com idades entre 4 e 7 anos, foram mortas por um monstro que invadiu a creche Cantinho do Bom Pastor em Blumenau, em Santa Catarina, com uma machadinha. Uma semana antes, uma professora de 71 anos foi assassinada por um adolescente de 13 anos, aluno de uma escola estadual da capital paulista.
Ataques a escolas nunca foram comuns no Brasil. Infelizmente essa realidade vem mudando. Um estudo recente feito pela Unicamp apontou que de 2002 até agora foram registrados 24 ataques cometidos por estudantes e ex-estudantes, sendo que dez deles ocorreram entre o segundo semestre de 2022 até ontem, resultando em 40 vítimas fatais.
O discurso de ódio fomentado pela internet é apontado como principal incentivador desse tipo de ataque, que em geral segue um mesmo padrão. O caso específico de Santa Catarina difere um pouco dos demais. O assassino não tinha qualquer ligação com a creche e, ao contrário dos outros agressores, tinha uma extensa ficha criminal, inclusive por tentativa de homicídio contra o padrasto. Neste caso, talvez, a falha tenha sido da nossa legislação ou da própria Justiça.
A frequência com que esses ataques estão acontecendo preocupam a sociedade. Foram 10 do segundo semestre de 2022 até agora. Não bastassem as falhas na nossa educação, como professores mal pagos, escolas sucateadas, falta de vagas, entre outros problemas, os pais ainda têm que enfrentar a insegurança provocada por esse tipo de violência.
Já passou da hora das nossas autoridades discutirem o problema de forma séria e sem demagogia. É preciso buscar soluções efetivas e que ataquem a raiz do problema. Ontem o governo federal anunciou a liberação de 150 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública para investimento no programa de Ronda Escolar dos estados e municípios. Uma medida paliativa.
Também criou um grupo de trabalho interministerial com a participação dos ministérios da Educação; Justiça e Segurança Pública; Direitos Humanos e Cidadania e Secretaria-Geral da Presidência para discutir ações de combate à violência dentro das escolas. Nesta quinta-feira será a primeira reunião. Espero que desta vez alguma medida concreta seja adotada.
Afinal, o que temos visto é que diante de tragédias de comoção nacional, como a que vimos em Blumenau, Executivo e Legislativo se apressem em apresentar propostas de pouca efetividade ou que acabam não saindo do papel.
Foi assim em 2011, quando ocorreu o massacre na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, quando um ex-aluno do colégio, e que não tinha antecedentes criminais, matou 12 crianças, feriu outras dez. Na época foram apresentados dezenas de projetos de lei, alguns bem estapafúrdios, sem qualquer resultado.
De lá pra cá já se passaram 12 anos e as coisas só mudaram pra pior. Uma lástima!