Quem dá as cartas na articulação política do governo sabe muito bem com quem está lidando no Congresso Nacional. Foram eles que administraram o chamado Posto Ipiranga em que Dilma Rousseff delegou a Michel Temer a tarefa de montar uma base parlamentar confiável, com a distribuição de cargos e salários. Deu no que deu.
O PMDB teve acesso ao mapa de quem era de quem na máquina pública federal, o que ajudou na mobilização parlamentar a favor do impeachment. Eliseu Padilha e outros operadores do PMDB aprenderam também uma lição naquela gestão política: o me engana que eu gosto não é o melhor caminho.
Por causa de corpo mole ou veto petista, não conseguiam entregar o que prometiam. Só que a resposta nas votações, especialmente na Câmara, era na mesma toada, a base não atendia aos apelos do governo.
Esse é o pano de fundo de uma ofensiva palaciana que surpreendeu a quem só esperava comemoração com a espetacular vitória na votação em primeiro turno da emenda do Teto dos Gastos. Padilha puxou o coro anunciando que quem não seguiu a orientação do governo vai ter que se explicar.
O propósito explícito é não repetir o fiasco político de Dilma. “Tem que jogar duro, é um bom momento para uma reação exemplar. Não dá para um deputado nomear e receber verbas e votar contra o governo”, afirma o deputado Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel Vieira Lima, ministro responsável pela articulação política.
A dúvida é até aonde vai essa disposição. O PR do ex-deputado Valdemar Costa Neto tratou de mostrar serviço. Ameaça expulsar dois ou três deputados, de maior relevância Clarissa Garotinho. Pode ser apenas um blefe.
O fato é que esse governo nasceu, só sobrevive, e pode ter algum sucesso, por ter obtido ampla maioria parlamentar para conquistar o poder e, se conseguir mantê-la, para aprovar as medidas necessárias que lhe deem governabilidade.