Não basta ser economista, ser empresário influente ou político bem articulado no Congresso Nacional para ocupar o posto de ministro da Fazenda no governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O novo ministro da Fazenda precisa ser um formulador de política econômica, respeitado no meio acadêmico e no mercado para que possa ficar na mesma altura do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, homem de Jair Bolsonaro que vai conduzir a política monetária nos próximos dois anos.
As virtudes acima mencionadas são condição para o grande desafio de promover um ajuste nas contas públicas e ao mesmo tempo estimular o crescimento da economia com geração de empregos e renda, como deseja o novo Presidente da República, que assumirá em janeiro de 2023.
As manifestações iniciais de Lula deixando claro sua intenção de não poupar recursos no combate à fome, mesmo que seja em detrimento da busca de equilíbrio fiscal, assustou muitos potenciais candidatos a ministro da Fazenda fora dos quadros do Partido dos Trabalhadores (PT). O economista Pérsio Arida, que já foi presidente do Banco Central no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso, deixou claro que não aceita fazer parte do ministério de Lula em dobradinha com o Fernando Haddad, como vinha sendo cogitado pela cúpula do novo governo.
A realidade é que nos atuais quadros de economistas do PT muito poucos se enquadram dentro do perfil do ministro da Fazenda que se espera para o momento. Embora Fernando Haddad seja economista, sua passagem em cargo de segundo escalão pelo Ministério do Planejamento do governo de Lula deixou poucas lembrança. Acabou sendo alocado como secretário executivo do Ministério da Educação sob o comando de Tarso Genro, onde depois iria virar ministro e aí, sim, deixou marcas, mas como educador e bandeira de propaganda de Lula nas últimas eleições.
E que tal Nelson Barbosa?
Um dos poucos que teria o perfil de ministro da Fazenda na atuais condições é ex-ministro do Planejamento e da Fazenda no governo de Dilma Rousseff, Nelson Barbosa. É um desenvolvimentista respeitado no mundo acadêmico, conhece a máquina pública, tem visão de conjunto e sabe fazer contas.
Barbosa fez as projeções macroeconômicas que se confirmaram para o Plano de Aceleração de Crescimento (PAC) de Lula. O Presidente da República quer reeditar um PAC em torno de novas ações de estímulo ao crescimento sabendo da escassez de recursos do Tesouro Nacional, coisa que deverá fazer com investimentos das empresas estatais, como da Petrobras e do setor elétrico, entre outras.
Barbosa conhece bem o jeito de operar de Lula na área econômica. Agora mesmo, no grupo de transição, Barbosa identificou cerca de R$ 132 bilhões de recursos que podem ser gastos no Orçamento da União de 2023 sem comprometer o teto de gasto. Vamos aguardar os acontecimentos.