Um dado que se destaca na pesquisa QUAEST dessa quarta feira, dia 19/10 é a predominância do VOTO-CONTRA!
E o que é o VOTO-CONTRA?
A pesquisa mostra um resultado de 52,8 X 47,2 entre Lula e Bolsonaro, com a metodologia que tenta compensar a abstenção (que é a que considero a mais correta).
Mas quando é perguntado ao eleitor qual é a sua motivação para essa opção, apenas 54% dos 52,8 eleitores de Lula dizem que é “Eleger o Lula”, enquanto que 41% desses eleitores, dizem que é “Tirar Bolsonaro do governo”!
Quando a pergunta é feita aos 47,2% que dizem votar em Bolsonaro, 48% desses dizem que a motivação é “Eleger o Bolsonaro”, enquanto que outros 48% dizem que é “Não deixar o PT voltar ao governo”!
Fazendo uma conta rápida temos que 28,5% são realmente eleitores de Lula e que 22,6% são realmente eleitores de Bolsonaro e que 44% dos eleitores são eleitores do VOTO-CONTRA. Os 5% restantes são os indefinidos.
Quais são as conclusões que podem ser tiradas dessa informação?
1- Quem ganhar, vai ganhar por conta dos que não querem “o outro”;
2- Quem ganhar, vai ter menos de 30% de votos fiéis;
3- Quem ganhar, vai ter mais de 70% dos eleitores que efetivamente não queriam esse eleito;
4- Nessa reta final, não adianta tentar convencer os convictos. A campanha tem que ser para converter os que estão votando para evitar “o outro”, que esse outro não é tão ruim;
5- Xingar, ofender e menosprezar os eleitores do outro lado não vão trazer nenhum voto para o “lado de cá”.
O outro ponto fundamental é a abstenção, que, no primeiro turno, foi de 20%.
Quando o Datafolha (pesquisa de 19/10) aponta para um resultado de 52 X 48 pró Lula, com uma leve tendência de diminuição da distância entre os dois candidatos, a abstenção não está considerada! Nos votos totais, o resultado apresentado é 49 X 45, com 6% de não voto (nulos, brancos ou indefinidos).
Mas no dia 30/10, vão aparecer pelo menos mais 20% de não-votos. E esses não-votos vão sair dos que hoje dizem que vão votar em um ou outro.
Como não temos certeza de quantos desses ausentes votariam em Lula ou em Bolsonaro, só nos resta especular.
Todas as informações apontam para uma maior abstenção dos potenciais eleitores de Lula, entre aqueles de menor escolaridade. Se essa abstenção de 20% tiver 60% (=12) de potenciais eleitores de Lula a menos e tiver 40% (=8) de redução para Bolsonaro, o resultado será um antes improvável EMPATE!
Lula = 49 – 12 = 37% e Bolsonaro = 45 – 8 = 37%, com 20% de abstenção e 6% de nulos e brancos.
Emocionante, não?
O que cada campanha deve fazer? Corretamente, tentar minimizar a abstenção do seu lado e incorretamente, tentar aumentar a abstenção do outro lado!
O resultado dessa eleição será uma combinação de “VOTO-CONTRA” com “NÃO-VOTO”. Triste…
– Paulo Milet, é empresário, formado em Matemática/UnB com Pós em Adm. Pública/ FGV