Mais emoção no segundo tempo 

O que realmente importa para o eleitor que não faz parte do grupo de devotos -  de direita ou de esquerda -  é que o vencedor tenha decência, caráter e competência para bem governar o Brasil.

Bolsonaro e Lula - Fotos Orlando Brito

Uma das surpresas do primeiro turno da eleição presidencial foi o resultado da votação, completamente diferente das últimas pesquisas de opinião divulgadas na véspera da votação. Antes do pleito, os jornais e emissoras de rádio e TV publicaram com destaque os percentuais de cada candidato, dando como certa a vitória do ex-presidente Lula ainda no primeiro turno e com o presidente Bolsonaro com um índice abaixo dos 40%. As urnas reanimaram os bolsonaristas que voltaram a respirar aliviados, enquanto que na outra ponta, acendeu a luz amarela na campanha petista.

No entanto, os maiores erros das pesquisa foram registrados nas eleições estaduais. Na Bahia, por exemplo, os institutos cravavam a vitória do ex-prefeito de Salvador ACM Neto. Um tal Jeronimo, desconhecido até mesmo entre as hostes petistas, desbancou o favorito e por muito pouco não venceu no primeiro turno.

São Paulo foi outro estado que desmoralizou as pesquisas. O ex-prefeito da Capital, Fernando Haddad, em todas as pesquisas aparecia como favorito, com boa vantagem em relação aos demais concorrentes. Quando as urnas foram abertas a realidade foi bem diferente. O ex-ministro Tarcísio de Freitas foi para o segundo turno a frente de Haddad. E não foi só para o governo de São Paulo que os institutos erraram feio. Nas pesquisas para o Senado a vitória do ex-governador Márcio França era dada como certa, mas quem realmente vai assumir a vaga deixada por José Serra é o ex-ministro Marcos Pontes, o astronauta brasileiro.

A grande pergunta que fica é: será que os erros vão se repetir no segundo turno? O Datafolha e o Ipec já divulgaram as primeiras pesquisas e o ex-presidente Lula se mantém como favorito, mas sabe que não será tão fácil assim como pensava. O oponente, o presidente Jair Bolsonaro, já recebeu apoio dos governadores eleitos dos principais colégios eleitorais do Brasil.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, reeleito com quase 60% dos votos, foi o primeiro a se manifestar. Foi seguido pelo também reeleito Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro e por Ratinho Júnior, do Paraná. Além disso, Bolsonaro venceu em São Paulo e conta com bom desempenho de Tarcísio de Freitas, fortalecendo seu palanque no estado.

Governador de Minas Gerais Romeu Zema – Foto Divulgação

O apoio do governador Romeu Zema, que ganhou fácil em seu Estado, veio junto com um aviso ao presidente Bolsonaro. Ele manifestou interesse em  ser candidato a presidente ao final do segundo mandato em 2026. Interessado nos preciosos votos que mineiro pode transferir, Bolsonaro deu logo o aval, mas certamente não deve ter gostado nada do recado.

Lula tem a seu favor a região Nordeste, com nove estados, entre os quais Bahia – quarto maior colégio eleitoral do país, Ceará e Pernambuco. Lá, o petista tem uma enorme vantagem em relação ao presidente Bolsonaro, que pra completar ainda falou bobagem durante uma das suas lives, chamando o povo nordestino de “analfabeto”. Além disso, o ex-presidente recebeu o apoio da terceira colocada, senadora Simone Tebet e do PDT de Ciro Gomes.

Eleição 2022 – Foto Divulgação

Os eleitores devem ser mais contidos nas avaliações dos votos e devem buscar ver as pesquisas com parcimônia. Elas não asseguram nenhum resultado de vitória nem derrota. Dão apenas um panorama geral do que observaram nas entrevistas para ajudar a nas suas decisões. Seja para votar contra – elegendo o opositor – ou a favor do seu candidato. Mas é importante que uma coisa fique clara: sempre pode haver mudanças de última hora.

Bolsonaristas – Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR
Manifestação em frente ao STF – Foto Orlando Brito

Os bolsonaristas estão alegres e confiantes, os lulistas nem tanto. As reações de cada grupo são naturais, fazem parte do jogo democrático. Mas o que realmente importa para o eleitor que não faz parte do grupo de devotos –  de direita ou de esquerda –  é que o vencedor tenha decência, caráter e competência para bem governar o Brasil.

É preciso que o próximo presidente dedique  atenção especial para os problemas dos pobres, famintos e desassistidos. Buque melhorar a saúde, a habitação, combater à corrupção e à criminalidade. Para saber disso não precisa pesquisa nenhuma.

– José Fonseca Filho é jornalista

 

 

    

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