Hoje o atentado às torres gêmeas completa 21 anos. Lembro exatamente o que estava fazendo naquele dia e naquela hora. Estava trabalhando no Senado quando soube da notícia. Imediatamente passei a acompanhar os acontecimentos em tempo real. O choque do avião na segunda torre à vista do mundo todo é algo inesquecível.
Se perguntarmos a qualquer pessoa adulta àquela época o que estava fazendo no 21 de setembro de 2001 provavelmente lembrará com detalhes do seu dia.
Quando saí do trabalho, já de noite, fui para uma reunião de mulheres. Nós sempre nos encontrávamos às terças-feiras para trocar ideias, fortalecer vínculos e fazer orações. Foi um encontro triste, estávamos todas pesarosas. Rezamos pelo mundo. Sabíamos que aqueles aviões tinham atingido a todos nós, houve muitas mortes além das vítimas que estavam nos prédios e nos aviões. Morreram valores, morreram esperanças, morreram futuros que se tornaram improváveis.
O mundo mudou a partir dali e parece que não foi pra melhor.
O medo passou a ser explorado desde então, muito mais que antes. O pavor de que novos atentados acontecessem (e aconteceram) pautou políticas e determinou o surgimento de um novo tipo de liderança.
Bin Laden e sua turma queriam impor seus valores ao ocidente. Para eles, o estado não deve ser laico, mas comandado por dogmas religiosos. As mulheres devem se comportar com submissão, cumprindo seu papel de esposa e mãe, apenas. As leis (que interessam a eles) devem ser cumpridas com rigor, sob pena de execução sumária. Nada de judiciário ou legislativo interferindo nas decisões do mandatário.
Quando vejo muitas pessoas no Brasil de hoje defendendo exatamente os mesmos valores, percebo que o atentado às torres gêmeas atingiu seu objetivo.
Que triste!
– Cláudia Abreu é jornalista