O movimento do ministro do STF Teori Zavascki de autorizar o início de apurações sobre caciques do PMDB e do PSDB citados na delação de Sérgio Machado – inclusive o presidente Michel Temer – serviu para mostrar, nesta temporada pré-eleitoral, que a Lava Jato é para todos, e não só para o PT.
Afinal, nos últimos dias, com a apresentação e o acolhimento da denúncia contra Lula e a operação que prendeu e soltou Guido Mantega, ficou a impressão de que canhão havia se voltado quase que exclusivamente para os petistas. Não é e não será assim, sobretudo depois das delações que, sabe-se, vão citar democraticamente mais de uma centena de políticos de vários partidos.
É razoável supor, porém, que essas apurações, apenas autorizadas por Teori, vão demorar, já que serão coordenadas pelo STF, que por suas características tem um ritmo mais lento do que a força tarefa de Curitiba.
Além disso, advogados experientes justificam a cautela necessária do STF, que sequer abriu inquérito ainda para investigar os personagens citados por Sérgio Machado.
No caso do presidente Michel Temer, por exemplo – citado por supostamente ter pedido recursos para a campanha de Gabriel Chalita – dificilmente o inquérito será aberto. A Constituição estabelece que o presidente da República não pode ser processado por delitos cometidos fora do exercício do mandato enquanto estiver no cargo, e esta deverá ser a justificativa da PGR para sustar essa investigação, ao mesmo tempo em que deve pedir abertura de inquérito para os demais políticos citados.