Com todos os poréns sobre as pesquisas eleitorais, o instituto Datafolha segue como o melhor avaliador sobre as intenções de voto dos brasileiros. Seus resultados estimulam e desestimulam campanhas. A tal terceira via criou uma expectativa de que a pesquisa, divulgada na noite dessa quinta-feira (23), traria más notícias para Bolsonaro e boas para Ciro Gomes e Simone Tebet.
Como se esperava, Lula segue um caso à parte. Vence no primeiro turno ou enfrenta como favorito algum adversário no segundo turno. Se o páreo for com Bolsonaro parece barbada. Mas, se configurar essa alternativa, o voto útil pode assegurar sua vitória já na primeira rodada eleitoral.
Por mais que as rejeições sejam cruzadas, e até por motivos óbvios, o antibolsonarismo hoje é muito maior que o antilulismo. Pela fotografia do Datafolha, 55% dizem que não votam de jeito nenhum em Bolsonaro e 35% em Lula. Em tese, uma imensa avenida para outras candidaturas. Na prática, até agora um fosso.
O curioso é que as campanhas de Ciro Gomes e de Simone Tebet parecem se atropelar por razões opostas. Ciro não consegue seguir o script do talentoso marqueteiro João Santana e às vezes briga até com a própria sombra. Ele segue comprando querelas desnecessárias, como dar pretexto às Forças Armadas para reagirem a mais uma bravata. Assim, reforça a imagem excessivamente agressiva que o afundou em outras corridas ao Palácio do Planalto.
A aposta em Simone Tebet era na combativa e doce mulher que, em vários momentos, brilhou no Senado, e deu show na CPI da Covid. A expectativa é de que quanto mais ela fosse conhecida, mais obteria intenções de votos. Ela teve boa exposição em inserções na propaganda partidária e em badaladas entrevistas, mas em vez de crescer, encolheu no Datafolha. O que aconteceu?
Uma possível explicação para esse decepcionante resultado de Simone Tebet foi seu desempenho nos comerciais na tv. Em outras campanhas, alguns candidatos aproveitaram o tempo e deslancharam. Mas, numa campanha polarizada, em jogo muito pesado, Simone entrou na cancha com a aparência de candidata a miss simpatia. Falou platitudes, não disse a que veio. sequer chamou a atenção dos eleitores. É muito pouco para quem pretende desbancar Bolsonaro e encarar Lula no segundo turno.
Pelo andar da carruagem dos candidatos alternativos, ou Bolsonaro tira alguma mágica dos cofres públicos ou nem haverá segundo turno. Mas nem seu clã se satisfaz com essa hipótese. “Isso não é pesquisa, é torcida contra Bolsonaro”, chiou o senador Flávio Bolsonaro, negando todas as evidências.
Se não houver nenhuma mudança relevante no tabuleiro, é jogo jogado.
A conferir.