A revogação da prisão de Guido Mantega agora há pouco, pelo juiz Sérgio Moro, partiu da constatação de que o ex-ministro, levado pela PF do hospital onde acompanhava a mulher, seria transformado em vítima. Nas redes sociais e sites, muitos já começavam a questionar a desumanidade do ato, reproduzindo comentário do advogado de Mantega, José Roberto Batocchio, de que ele fora tirado do centro cirúrgico do Hospital Albert Einstein.
Mostrando que é rápido também no gatilho da comunicação, Moro, decidindo de ofício, tratou de revogar a prisão, ainda que mantendo os demais procedimentos da operação e todas as graves acusações que pesam contra Mantega.
Na narrativa que a força tarefa imprimiu à Lava Jato, o ex-ministro teria negociado pagamentos de empresários como Eike Batista ao caixa do PT. Não passa despercebido também o fato de a Arquivo X ter sido deflagrada na sequência do acolhimento da denúncia do Ministério Público contra o ex-presidente Lula, acusado de ser o “comandante” do esquema de corrupção. É como se a força tarefa quisesse mostrar isso indiretamente ao acusar e prender um de seus principais ex-subordinados.
Nesse sentido, a revogação da prisão em nada altera o curso Juridico desse processo, que vai andar. Mas, a dez dias das eleições, o ato de Moro está sendo comemorado pelo PT por duas razões: 1. Dá uma oportunidade para que se explore um excesso da Lava Jato, que pisou na bola ao prender um sujeito num hospital; 2. Afasta o temor de que o ex-ministro, abalado, acabe fazendo uma destruidora delação premiada.