Tem gente falando em golpe. Um deles é o próprio Presidente da República, o personagem mais curioso e intrigante que já assumiu esse cargo. Gostou tanto que meteu na cabeça a ideia de repetir a dose, pela qual vem se empenhando desde o início do mandato. Mas chega lá, imagina ele. Na verdade existem muitos candidatos, de todos os tipos, e até uma mulher, a mais merecedora do cargo, por suas qualidades.
A disputa verdadeira será entre Bolsonaro e Lula, ambos já muito manjados pelos eleitores brasileiros. Dos quais, como sempre, cerca de 40% vão votar no popular candidato Dr. Ninguém, que realmente nunca fez mal aos brasileiros. O Lula até abusou de ser presidente. Ficou duas vezes no cargo e colocou a cupincha Dilma por mais duas. Um abuso. A Dilma surpreendeu pelo palavreado chulo na intimidade palaciana. Uma não-dama.
Os demais candidatos estão patinando abaixo dos 10 % ou até 5 % da preferência popular, o que significa não existir um grupo consistente de apoio a eles. Alguns despreparados estão desempenhando seu papel na base do palpite e de mensagens simplórias. Procuram um sistema em que os ricos sejam obrigados a pagar altos impostos enquanto os pobres pagariam muito menos. Uma tese fantasiosa de imposto púnico.
Há outro candidato mais instruído, mais bem penteado e mais bem vestido que gravou um chavão que acha fantástico, capaz de resolver tudo: dinheiro no bolso, emprego, e comida na mesa. Esqueceu nada não? Um pouquinho de saúde, de educação, de transporte, não faria bem aos pobres? O almofadinha é o João Dólar, que foi fazer uns dias de campanha em New York. Conseguiu o apoio de dois vendedores de hot dogs no Rockfeller Center. Ficou tão emocionado que esqueceu de pagar.
O Lula está desde o início da campanha em primeiro lugar, com folga, nas pesquisas eleitorais. Metade da população brasileira acha que ele é corrupto, a outra metade diz que não é. Para esses, o Lula já está eleito, poderia até descansar no tríplex até acabar a apuração.
Foi inocentado por todos os tribunais de Justiça do Brasil, até o Supremo. Acusado de ser super bandido acabou virando super santinho. A ONU, inclusive, divulgou ao mundo nota oficial exaltando a correção de Lula e sua inocência diante de todos os crimes de que fora acusado. Até agora só quem não divulgou um comunicado desses foi o Papa Francisco.
O segundo mais bem cotado para vencer a eleição, segundo as pesquisas, tem apoio militar embora tenha sido expulso do Exército. O ex-presidente e general Geisel disse que ele era “um mau militar”. Se os militares não o apoiarem maciçamente não irão prejudicá-lo porque ele tem apoio declarado dos evangélicos, aos quais também já fez muitas gentilezas. Até verba para comprar Bíblias e construir algumas capelinhas por aí os evangélicos conseguiram do Bolsonaro.
Bolsonaro ficou famoso por não acreditar em avião a jato, forno micro ondas e urna eletrônica de votação, achando que tudo isso é invenção de pilantras para prejudicar sua eleição. Ele quer comprar ainda um Constellation para a FAB e um saveiro baiano para a Marinha. Só quem acredita nessas ideias do presidente é ele próprio, que não se sente constrangido em divulgá-las.
Há ainda o zangado Ciro Gomes, pobre na pesquisa e cujo covid pode ser uma boa desculpa para um resultado eleitoral negativo. É dos mais convencidos entre todos: ele sabe de tudo e não tem medo de nada. Só não sabe porquê disputar um cargo pela quarta vez, especialmente não sendo boas suas perspectivas.
Ainda há mais novidades para esta nova e complicada eleição. A movimentação de Bolsonaro há meses, sugerindo, comentando, acrescentando, insinuando uma espécie de golpe para evitar as eleições levantaram suspeitas. Fica no disse-que-disse mas precaução não chega a ser demais. Olhar atento, pessoal.
Sabemos também agora que além das Forças Armadas dispomos igualmente das Forças Desarmadas, baseadas na honra, na dignidade, na força moral, na grandeza do país e sua honrada população. Uma grande arma a ser disponibilizada.
– José Fonseca Filho é jornalista