É impressionante como rasteiras baratas oriundas do Palácio do Planalto conseguem envenenar o horizonte político no Brasil. Em um país com tamanho histórico de fraudes eleitorais, é inacreditável como a cascata sobre a insegurança das urnas eletrônicas, uma rara ilha de segurança nesse universo de golpes digitais, seja motivo de bumbos oficiais. Uma vergonha indelével é por as digitais das Forças Armadas nessa malandragem.
Bolsonaro usa e abusa do poder do cargo para barrar atropelar investigações, como as rachadinhas, ou inventar supostos impasses institucionais. Por que ele faz um jogo aparentemente sem limites? É porque os limites legais foram ultrapassados por seu clã e agregados. O que o motiva é o medo de que ele ou seus filhos vão para a cadeia.
As múltiplas pesquisas mostram que foi um tiro no pé. A voz que parecia forte perdeu a força. Depois dos blefes palacianos, o ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, respaldado pelas cúpulas do Judiciário e do Legislativo, bateu o pau na mesa: é da Justiça Eleitoral, um “poder desarmado” a palavra final sobre as eleições. Uma obviedade que, nesse contexto, de repente ficou importante.
Mas Bolsonaro segue no jogo duplo em que aposta nas sacadas malucas do filho Carluxo, o 02, para agradar os chamados bolsonaristas de raiz, e o jogo com grana pesada do Centrão. É a velha regra, também comprada por quem a denunciou como o PT e os tucanos, entre outros, de que dinheiro rende votos. O bilionário Orçamento Secreto é a maior dessas apostas.
Mas nem isso e nem outras medidas no tal pacote de bondades tão conseguindo reverter o sufoco e a insatisfação dos brasileiros com a inflação e todas suas consequências. Nesse universo de notícias ruins, a que mais dói em Bolsonaro é o desgaste pelo aumento dos preços dos combustíveis, em especial do Diesel. Seus discursos críticos e mudanças na Petrobras simplesmente não colaram.
No desespero, apostou em novo factóide ao trocar o almirante Bento Albuquerque pelo economista Adolfo Sachsidsa no comando do Ministério das Minas e Energia. A estreia de Sachisda soou como uma piada. Com a pose de coronel de republiqueta, anunciou que seu primeiro ato no cargo seria “desestatizar” a Petrobras, uma balela. Além da suspeita de que assumiu para viabilizar um negócio bilionário com dutos de gás no Nordeste e Centro Oeste para atender parceiros do Centrão. Tudo indica que pode ser mais um escândalo a ser engolido pela impunidade geral que voltou a tomar conta do país.
A cortina de fumaça nessas mudanças não conseguem encobrir a questão central. Os preços dos combustíveis continuam subindo no Brasil e mundo afora. Cada país busca uma solução. Até aqui, Bolsonaro só faz esbravejar, trocar seis por meia dúzia no comando da Petrobras, sem encarar a questão com a devida seriedade.
É um jogo de faz de conta. Não deve durar muito.
A conferir.