Décadas atrás o Brasil era conhecido no exterior pelo café, cacau, o carnaval com suas mulatas, o fantástico Pelé, o cidadão brasileiro mais famoso de nossa História contemporânea. Mais milhares de personagens negras brilhantes, como Elza Soares, Martinho da Vila e muitíssimas outras, que dão orgulho e alegria aos brasileiros.
Uma terra chamada Bahia, a primeira onde Cabral pisou e permaneceu o resto do dia admirando as índias sem nada, viria a se consolidar como espaço privilegiado. Tempos depois a família real levou a capital para o Rio de Janeiro. Lá surgiriam as famosas mulatas. Suposto cruzamento de negros com brancos, e da gente alegre que começava a indicar como seria esse fabuloso povo brasileiro.
A criatividade popular viria a transformar a gente e as novas raças cruzadas na Bahia e no Rio na região mais admirada e alegre do país. O Brasil cresceu pelo trabalho de alguns portugas e milhares de africanos por eles escravizados, para que não precisassem trabalhar. A Bahia tornou-se um centro da cultura e do trabalho dos negros, resignados devido à pobreza e miséria em que vivia a totalidade deles.
A miscigenação era natural acontecer. A força somada de outra cultura, igualmente. Os negros cresceram e se impuseram pelo trabalho escravo e sua resistência ao longo de fases de perseguição, torturas e assassinatos. Mas muitos sobreviveram. Na Bahia, além da música, danças, religiões, lutas, surgiu uma culinária singular. E o samba fantástico que até hoje endoidece dançarinos, passistas e o público.
Os negros sempre sofrendo barbaramente. A péssima novidade atual? Brasileiros calhordas e assassinos passaram a se dedicar ao racismo e o praticam descaradamente, vilmente. Passaram a ser os fatos nacionais mais noticiados pela imprensa mundial, com fotos e detalhes.
Os mais recentes, de envergonhar o nosso país. Três brasileiros, com pedaços de pau, bateram repetidas vezes no corpo do negro congolês Moise Kabamgabe, já estatelado na calçada de Copacabana. Bateram até matá-lo. Ele havia saído de seu país para escapar da violência.
Dia seguinte, no condomínio onde morava, Durval Teófilo, negro simpático e alegre, pelo testemunho dos vizinhos, voltava para casa com as compras numa sacola. Caminhava para o portão quando o sargento da Marinha, Aurélio Bezerra, dentro do carro na frente dele, acertou-lhe um tiro no tórax. Aproximou-se e a poucos metros deu-lhe mais dois tiros no peito, ele já caído. O assassino disse que pensou tratar-se de um ladrão. Ele era negro. Foi por isso que o sargento o matou.
Esses dois casos escabrosos estiveram nos jornais e TVs de todo o mundo. O racismo no Brasil é crescente. Além de destruírem a Amazônia, estão querendo dizimar os negros e mulatos. Tentarão, mas tal não vai acontecer por que só uma reduzida parcela de brasileiros são indivíduos desse tipo calhorda. E a não ser que o governo não adote uma reação rigorosa contra esses ataques.
Acontece que aqui onde os portugueses chegaram a justiça é pouco confiável. Acaba de liberar um monte de políticos corruptos condenados. O racismo disfarçado existe há décadas, mas agora começa a agir descaradamente. Nas favelas, de população majoritariamente negra, matam até crianças. Nos EUA combate-se o racismo odiento com punições rigorosas.
As cores da bandeira brasileira são verde, amarelo, azul e preto. Os negros e mulatos representam boa parte da população, e continuam a se propagar. Suas famílias são geralmente numerosas, pela suposição de que ao se propagarem poderão ser mais fortes. E por uma certa irresponsabilidade social, já que não dispõem de recursos para a criação da família.
A maioria da população de pretos, pardos, mulatos, não tem instrução nem saúde pública prestada pelo Estado. Então, a maioria negra pode estar despreparada para a atividade profissional. Mas começa a responder com força contra o preconceito, reagindo às agressões.
O clima de confronto deve se agravar. Os negros estão sendo espancados e mortos. A reação deles poderá ser gradativamente mais violenta.
• Dados do IBGE, de 2019, apontam o Brasil com 213,3 milhões de habitantes, sendo 42,7% brancos; 46,8 % pardos e 9,8 % pretos.
José Fonseca Filho é jornalista, mas queria ser cosmonauta