Na política quando percebem a inviabilidade eleitoral de um candidato, os aliados começam a pular fora do barco ainda nas primeiras pesquisas. Alguns por discordâncias políticas ou do rumo da campanha, outros por puro oportunismo mesmo. Buscam se abrigar próximos ao futuro vencedor e garantir um naco de poder no próximo governo.
Talvez por esse instinto de sobrevivência ou por ter assistido de perto a derrocada de Donald Trump nos Estados Unidos, o guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho começa a se distanciar dos seu mais ilustre discípulo.
Em uma live com a participação dos ex-ministros Abraham Weintraub, Ricardo Sales e Ernesto Araújo, o astrólogo autodenominado filosofo afirmou que “a briga está perdida”, referindo-se à reeleição de Bolsonaro e aproveitou para garantir não ter qualquer influência no governo.
“Bolsonaro aprecia ser insultado, aprecia ser humilhado, aprecia ser achincalhado. Porque tudo que ele faz é para perder a guerra”, disse Olavo de Carvalho, que aproveitou para se queixar, acusando o presidente de ter usado seu prestígio para se eleger, abandonando suas ideias e sua turma durante o mandato. “Ele me usou como ‘poster boy’. Me usou para se promover, para se eleger. E, depois disso, não só esqueceu tudo o que dizia, como até os meus amigos que estavam no governo ele tirou”.
Sobre a exclusão dos olavistas do governo, o astrólogo travestido de filosofo disse que indicou apenas dois nomes para compor o ministério de Bolsonaro não por ato político, mas por polidez pessoal. “Ele me convidou para ser ministro da Educação, eu não aceitei, então, já que não aceitei, por educação pensei: preciso indicar alguém pra lá”.
Os dois nomes indicados por Olavo de Carvalho foram Abraham Weintraub e Ernesto Araújo. A demissão dos dois talvez tenha sido o maior acerto de Bolsonaro no governo, afinal, a atuação de ambos dispensa comentários. Se foi um pequeno alívio para o país, doeu nos olavistas.
O afastamento de Bolsonaro da chamada ala ideológica não aconteceu por Bolsonaro divergir do pensamento olavista, mas pelas confusões causadas pelos ministros representantes dessa ala e, principalmente, pela pressão do Centrão, que como é habitual trocou o apoio ao presidente no Congresso por amplos nacos de poder.
Bolsonaro, que se elegeu anunciando que romperia com o que chamava de “velha política”, acabou nos braços do Centrão, inclusive filiado a um dos partidos mais tradicionais do grupo, não apenas para salvar o filho Flávio da acusação de rachadinha, mas a própria pele, quando se viu encurralado por bobagens e malfeitos que ele mesmo protagonizou durante o mandato.
Dizem que quando o navio começa a fazer água os ratos são os primeiros a abandoná-lo pressentindo a tragédia. Talvez esses sejam só os primeiros. Até outubro outros aliados devem abandonar o barco…
A conferir.