Há tempos o Brasil vem sofrendo as consequências por escolhas erradas nas urnas. Não apenas em relação às eleições para presidente da República, mas para governadores, prefeitos e, principalmente, deputados e senadores. Boa parte dos eleitores não se lembra em quem votou no último pleito. Não por acaso é comum ver políticos envolvidos em escândalos, desvio de recursos públicos, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção, advocacia administrativa, entre outros crimes tipificados nos códigos Penal e Civil, eleitos com um pé nas costas.
Assim, o Brasil segue sendo o país da impunidade. Eleitos, esses maus políticos fazem leis em defesa de seus os próprios interesses, um festival de casuísmos. Mais que isso, vivemos hoje em um país onde os eleitores abrem mão de sua cidadania em troca da militância cega, da idolatria a políticos, da defesa de corruptos e genocidas. Os erros são desconsiderados e até justificados por quem deveria cobrar coerência e respeito à coisa pública.
É comum ouvirmos casos de compra de votos. Não são poucos os casos que se acumulam nas gavetas dos tribunais eleitorais e que pela demora no julgamento acabam não punindo os responsáveis. Não fosse assim, não teríamos um Congresso com parlamentares respondendo a processos junto ao Supremo pelos mais variados crimes sendo eleitos e reeleitos.
Para se tornar um país mais igualitário, onde a população tenha acesso a saúde, a educação, a segurança e aos demais serviços públicos de qualidade, é preciso exercer a cidadania em sua plenitude. E isso pressupõe conhecer os seus direitos e suas obrigações. Saber qual é o verdadeiro papel dos nossos representantes e, principalmente, entender que os nossos direitos já estão consignados na Constituição e que política pública não é favor.
Infelizmente boa parte do eleitorado não tem essa consciência. Tanto é assim que políticos cuja ficha mais suja que pau de galinheiro posam de donos da verdade e de defensores da moral e dos bons costumes. A própria existência de uma lei como a da Ficha Limpa é a prova de que precisamos evoluir.
O eleitor não pode votar em um candidato apenas por representar o oposto ao representante ou ao partido opositor. Foi pensando dessa forma que Bolsonaro foi eleito e hoje somos obrigados a carregar esse fardo. Um incompetente, inepto e insensível que se preocupa apenas em tentar salvar a pele dele e dos filhos dos rolos nos quais estão metidos como rachadinhas.
Antes de votar, é preciso conhecer o programa eleitoral dos candidatos. Saber o que pretendem e como pretendem cumprir as promessas. Depois de eleito, cobrar o cumprimento de todo o programa e não deixar passar, como se aquilo fosse apenas um papel sem importância usado para enganar o eleitorado.
Os dois últimos presidentes eleitos – Dilma Rousseff e Bolsonaro – cometeram claramente estelionato eleitoral. Prometeram uma coisa e entregaram outra. Em 2014 Dilma mentiu sobre a real situação do país e depois foi obrigada a dar uma guinada no programa econômico que apresentou durante a campanha.
Bolsonaro, por sua vez, fez exatamente o contrário do que prometeu. Só não enganou mais porque sequer tinha programa de governo. Tudo mandava perguntar a Paulo Guedes, a quem denominou de “Posto Ipiranga”. Hoje o tal posto tá falido, sem combustível.
Bolsonaro prometeu que faria diferente. Disse que não negociaria com o que chamou de “velha política”. Hoje está abraçado exatamente com aqueles que representam o casuísmo, oportunismo e o toma-lá-dá-cá tão condenado pelo então candidato. Assim, perdeu o discurso para a campanha do próximo ano.
Também prometeu combater à corrupção, mas foi fiador de um grande acordão para acabar de vez com a Lava Jato e vem chancelando todas as iniciativas do Congresso que visam impedir que novas operações apareçam e prendam políticos e empresários.
Os eleitores precisam aprender a votar a favor do Brasil e não contra este ou aquele candidato. Votar com a cabeça e não com o coração. Antes de Bolsonaro tivemos Fernando Collor, um desastre que custou muito caro ao país.
Naquela época pelo menos existia a desculpa de que o país estava saindo de uma ditadura e, portanto, não votava para presidente há quase 30 anos. Era fácil o candidato enganar o cidadão com palavras bonitas e promessas vazias. Passados mais de 30 anos, essa desculpa não cola mais. Agora é preciso prestar atenção não apenas as promessas, mas a viabilidade do programa eleitoral e, principalmente, ao passado dos candidatos.
A campanha já está nas ruas, mas apenas Ciro Gomes apresentou um programa com começo, meio e fim, – Projeto Nacional: O dever da esperança – transformado em livro. Os demais pré-candidatos seguem brigando e trocando acusações. A questão é quem ninguém quer ouvir as propostas, estão mais interessados na fofoca.