Jesus, Maria e José. É “halloween” no sertão nordestino, o que é reconfortante, porque a vibração “pré-apocalíptica” acontecendo na política brasileira pode pelo menos ser rotulada como natural.
Alguns escrevinhadores estão lutando especificamente para chegar à analogia perfeita para explicar como de outra forma os conservadores tradicionais se transformaram em apologistas de Jair Bolsonaro e comparsas.
Cidadãos do bem vivem com medo constante de encontrar o ditador Emílio Garrastazu Médici, o coronel Carlos Brilhante Ustra ou Dan Mitrione e eles começarão a discursar que Jair Bolsonaro é uma pessoa séria porque ele está tocando nisso ou ele está disposto a dizer isso. É possível vislumbrar os milhões de cachorros abandonados, que vagam pelas ruas do ensolarado Brasil, de repente latindo para eles incontrolavelmente.
Cientistas políticos americanos, principalmente os rotulados de “Brazilianists”, tiveram esse mesmo sentimento nas últimas semanas, quando história após história mostrou como alguns dos mais respeitados indivíduos conservadores, instituições e meios foram infectados ou substituídos por duplicatas alienígenas. Na verdade, isso não aconteceu da noite para o dia. Mas é impossível escapar da conclusão noturna de que a destruição em câmera lenta da frágil democracia brasileira está agora quase completa.
Nos capítulos anteriores, estávamos assistindo ao Brasil lentamente se transformar de um país emergente para um país de corruptos e lunáticos, e a mutação foi executada com o aval de membros do legislativo e judiciário que eram, ostensivamente, encarregados de vetar, recrutar e apoiar os funcionários públicos mais qualificados e elegíveis.
Enquanto isso, na coroa americana, o respeitado “The Wall Street Journal” deu espaço na semana passada para o padrinho e mentor de Bolsonaro, Donald Trump, ele mesmo, para argumentar em suas páginas que “na verdade a eleição foi fraudada”.
O pesadelo é que o marido de Michelle seguirá a mesma cartilha de Trump.
A vitória do candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva ou a reeleição de Bolsonaro transtornará a Praça dos Três Poderes num campo de batalha.
Agora, muitas pessoas dirão que filmes de terror apresentam a metáfora menos assustadora. Não há algo mais atemorizante em ver a democracia brasileira se esvair enquanto Bolsonaro transforma pouco a pouco as instituições democráticas em “Três Poderes Zombie” ou clone alienígena.
O episódio de que essa modificação ainda está acontecendo depois que o líder do terror mundial (neste caso, Trump) foi ostensivamente desbaratado só serve para robustecer o tom do gênero sobre o vilão reanimando ou sendo ressuscitado.
Enquanto isso, os países aliados continuam assistir antigos coligados ficarem irreconhecíveis. Em algum momento, não haverá mais brasileiros normais, e o incauto cidadão se encontrará em uma mina abandonada gritando com motoristas que passarão: “Eles já estão aqui! Você será o próximo! Você será o próximo!
Faça o que fizer, não durma. Eles te pegarão no seu sono profundo.