Tal qual a publicidade “O primeiro sutiã a gente não esquece”, o meu primeiro trabalho foi na indústria petroquímica, no início dos anos 1970. Primeira paixão, sempre um referencial ao longo de minha vida profissional.
Uma indústria nascente, na qual as equipes eram, principalmente, de empreendedores, ex-petroleiros, engenheiros recém-formados e técnicos com cursos preparatórios específicos.
A empresa fica no ABC paulista, berço de vários segmentos industriais, que aos poucos foram se deslocando para esse Brasil, democratizando a início da industrialização nos anos 1980.
O setor petroquímico em particular teve a capacidade de se adaptar e se reinventar várias vezes ao longo do tempo. As crises econômicas dos anos 1980 e 1990, Plano Collor, políticas empresariais de redução de custos capitaneadas pelo então diretor de compras da GM, José Ignácio Lopez de Arriotúa, o just in time, as atuais concentrações de compras de fornecedores chineses, com preços imbatíveis, os reflexos da pandemia e outros.
Há décadas, o nosso PIB dos bens e serviços vem patinando, com uma redução expressiva do setor industrial face ao crescimento do agronegócio e dos serviços, situação preocupante pela sua importância para a sociedade.
Alguns sinais são preocupantes, como a extinção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), rebaixado à secretaria do Ministério da Economia, este com perfil rentista, também um downgrade na representação setorial. No passado feita pelos “capitães (sic) das indústrias”, hoje tem como lideranças executivos capacitados, sem dúvida. Porém, também sem a legitimidade e, por isso, com pouca influência. Assim, estamos vendo a saída de diversas empresas multinacionais de um mercado que foi sempre promissor e disputado.
É chegada a hora de se reinventar com um olhar o futuro, esquecendo as referências passadas.
Uma das iniciativas de curto prazo é o ESG, mantra a ser praticado pelas empresas como forma de uma transformação empresarial / cultural.
De uma forma mais estruturada – e como uma sugestão para se ter um novo ambiente de estímulo e reconhecimento da importância do setor industrial buscando excelência, competitividade e produtividade –, é preciso pensar sobre a volta do MDIC como órgão representante legítimo do Poder Executivo. Além disso, incorporar o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) como forma de otimizar esforços, estratégias e recursos em inovação, pesquisa e infraestrutura para todo o segmento produtivo.
* Alexandrino Alencar é advogado e engenheiro químico