Nada mais cringe que Bolsonaro

O desfile dos blindados da Marinha no Eixo Monumental serviu apenas para inundar as redes sociais de memes e fazer o Brasil passar vergonha internacional

Bolsonaro, na rampa no Planalto, discursa para fãs que mal sabem escrever seu nome - Foto Orlando Brito

Cringe. A expressão usada pelos jovens na internet para destacar situações tão embaraçosas que se torna constrangedor de presenciar, define bem o desfile de “blindados” da Marinha na  Esplanada dos Ministérios na terça. Se a intenção de Bolsonaro era intimidar o Congresso e o Supremo, o tiro saiu pela culatra. Além de irritar deputados e senadores, a iniciativa desagradou aos próprios militares e transformou-se em vexame internacional. E no final da noite a derrota já prevista do factóide do voto impresso se confirmou. 

O tal desfile de blindados em Brasília ridicularizado mundo a fora – Foto Orlando Brito

O jornal britânico The Guardian comparou o Brasil a uma república de bananas, manchando ainda mais a já arranhada imagem do País no exterior. “Foi uma infantidade… É uma incompetência de avaliação ou proposital. É um desrespeito e quem sai perdendo são as Forças Armadas. É uma vergonha internacional”, desabafa o general Santos Cruz. A ideia serviu ainda para inundar as redes sociais de memes. Hashtags como #patético, #fumacê #vergonhoso #ditaduranuncamais #corridamaluca estiveram nos Trending Topics do Twitter, ou seja, nos assuntos do momento durante todo o dia de ontem. 

A primeira hashtag a subir, logo após o corso dos tanques, foi com o nome do apresentador global Luciano Huck. Achei que se tratava de algum anúncio da rede Globo sobre o seu novo programa dominical. Nada. A #huck referia-se ao quadro do Lata Velha do Caldeirão no qual o apresentador reforma carros imprestáveis. A brincadeira dos internautas era de que a Marinha estava querendo participar da atração para reformar seus tanques. 

Bolsonaro é um canastrão, tal qual um vilão de filme pastelão todas as vezes que tenta armar alguma coisa vira piada nacional e, em alguns casos, até internacional. Nessa última presepada, todos os caciques dos demais Poderes que puderam sair fora, inclusive o vice-presidente Hamilton Mourão, evitaram o mico.

Eduardo Pazuello – Foto Orlando Brito

Já passou da hora de os militares darem um basta na loucura do capitão. As Forças Armadas levaram anos até conseguir recuperar um pouco a imagem perante à sociedade depois de 20 anos de ditadura. Sob a gestão Bolsonaro, Exército, Marinha e Aeronáutica estão sendo desmoralizadas dia após dia. Um general como Eduardo Pazuello, tido como especialista em logística, queima o filme de qualquer categoria, seja civil ou militar. Menos grave do que o papelão do general Braga Netto como ministro da Defesa. Ele está constrangendo inclusive seus colegas do Alto Comando do Exército.

O desfile desta semana arranhou de vez a imagem da Marinha do Brasil, até então respeitada pelo trabalho que desenvolve em projetos como a Amazônia Azul ou na Estação Antártica Comandante Ferraz.

Se continuarem apoiando Bolsonaro incondicionalmente em troca de cargos no governo para meia dúzia de oficiais, as Forças Armadas levarão mais 20 anos para reconstruir a imagem.  

 

Deixe seu comentário