Os cubanos estão mais uma vez se rebelando contra a ditadura imposta à pequena ilha de Cuba por Fidel Castro, desde 1959. Anteriormente os protestos e levantes eram frustrantes e logo dominados, o que resultou na eternização da violência contra a população, insatisfeita com o destino da ilha. Muitos morreram, tantos outros se iludiram, mas outros também o adoraram. O noticiário a respeito pode ter sido surpreendente para muitos, já que nos últimos anos nada de bom e novo ocorreu na ilha. Agora sim, começa a acontecer.
E dessa vez pode ser que a insatisfação do povo cubano, o tédio da vida sem futuro e sem perspectivas, aliado à estagnação da vida na ilha, pode acabar se eternizando. Os grupos realmente revoltados e insatisfeitos já partiram para Miami há tempos. Guardam na memória o regime de liberdades e a alegria de uma vida festiva, antes da implantação do comunismo. Mesmo tendo havido antes da era Fidel outro ditador criminoso, a vida era livre e com alguma alegria nos cassinos frequentados por milionários gastadores.
Cuba ainda não desfruta das vantagens da vida sob o signo da modernidade, tecnologia, informática, automação, semiótica e outras especificidades da era eletrônica. Não tem a economia desenvolvida, a agricultura produtiva, os meios de transporte modernos e mecanismos de estímulo ao crescimento econômico. Destaca-se, e com grandeza, por ter as novas gerações preparadas nos setores da educação e da saúde, assim como nos esportes, com destaques reconhecidos internacionalmente. As gerações foram bem educadas desde então. Os cubanos ganham pouco, mas não dormem na rua nem morrem de fome. Cientistas cubanos estão ultimando pesquisas para produzir também sua vacina contra o Covid 19.
Existe ainda o embargo econômico decretado pelos Estados Unidos em 1962, que impede o comércio de Cuba com o resto do mundo. Proibida de comprar e vender bens e serviços no mercado internacional. Ou seja, nada que pudesse suprir as necessidades da ilha e sua população. O embargo deixou Cuba numa situação drástica, até hoje sem possibilidade de revisão. Em termos de mercado mundial, Cuba tem participação nula. O turismo também é pouco explorado, devido à pandemia.
Cuba não conseguiu desenvolver sua economia em nenhum aspecto, ao longo dos últimos anos. Nada conseguiu fazer para derrubar o embargo, ou qualquer outra iniciativa na área comercial que viesse a viabilizar as perspectivas econômicas. A antiga URSS ajudou a ilha por muito tempo, depois cancelou e passou a se dedicar aos seus próprios problemas. Cuba simplesmente não teve competência para vencer seus problemas, e assim contribuiu para permanecer estagnada.
A população cubana, que há décadas não dispõe de condições para uma vida decente, e dinheiro para quase nada, começa a perder a paciência e deixar de ser insensível diante da situação. Cuba é uma ditadura violenta como todas. A população é sofrida e enganada pelos governantes: Fidel por 50 anos, Raul 10, e o atual, um serviçal no plantão da ditadura. Fidel pode ter sido um bom guerrilheiro, mas foi um péssimo administrador.
Suportar tantas limitações e falta de perspectivas, isolados do mundo e das conquistas da vida moderna, tendo ainda de aturar a falta de liberdade, o povo cubano só pode se sentir altamente frustrado e lesado em seus direitos. Não merece ser tratado como tem sido ao longo de sua história. Não conseguirão mudar sem luta, e não sobreviverão se continuarem como dependentes e serviçais da ditadura.
Se mais um verão passar e os cubanos não lutarem pela recuperação de seus direitos, até efetivamente alcançarem a plena democracia, será como se houvessem perdido a disposição de luta. E Cuba passará à história como uma ilha de bananeiras e canaviais, e um povo explorado seguidamente por ditadores. Cuba hoje é uma raridade mundial, isolada e sem relacionamentos. Sua população absolutamente carente e sofredora. Mas ficando impaciente.
— José Fonseca Filho é Jornalista