As pandemias tratam mal seus estadistas. Assim como o presidente Jair Bolsonaro mergulha no inferno político e administrativo, seus antecessores na Gripe Espanhola, há pouco mais de 100 anos, também comeram o pão que no diabo amassou. Campos Salles morreu às vésperas da posse e seu sucessor, Delfim Moreira, enlouqueceu no cargo e teve de ser tutelado por seu ministro de Obras, Afrânio de Melo Franco, até que se encontrasse um sucessor. Epitácio Pessoa já assumiu com a “gripezinha” debelada.
É uma hipótese a especular que o presidente da República, tendo conhecimento dessa maldição, estivesse querendo exorcizar a maldição quando desqualificou a covid-19 para “gripezinha” e saiu à procura de remédios para matar o vírus antes que ele entrasse nas pessoas. Ele não disse, mas pode ter pensado assim quando saiu a receitar cloroquina e outras panaceias.
O presidente Epitácio não entrou de sola na pandemia. Quando foi eleito, estava em Paris como chefe da delegação brasileira à Conferência de Paz, como país vencedor da Primeira Guerra Mundial. Esperou terminar o conclave antes de voltar para assumir o cargo.
Foi uma eleição de emergência. Embora paraibano, ele era formado na Faculdade de Direito do Lago do São Francisco, como, aliás, todos os demais presidentes da República Velha, tanto paulistas quanto os mineiros do café com leite. Somente o marechal Hermes da Fonseca, graduando em Escola Militar, não passara pelos bancos da academia paulista.
Agora a conta política chegou para o presidente Jair: popularidade em queda livre, aliados saltando do barco, descontrole social (passeatas e panelaços). A conta econômica está desabando no seu colo, tendo à frente a cara feia da inflação.
Tragédia como uma pandemia é algo incontrolável, é o inferno para qualquer governo, uma desgraça para os países atingidos. Isto independe de qual seja o governo. Aqui, neste Brasil de futebol e carnaval, está sendo pior. O chefão vai pagar a conta.