É um atleta, mesmo. E agora se apressa a fazer exibições nos fins de semana reunindo milhares de motoqueiros para desfiles nas avenidas ou estradas, com autorização ou não de autoridades do trânsito. Afinal, o chefe é ele, o Presidente da República, que costuma repetir que ninguém desrespeita sua autoridade.
Ele faz o que quer. Tudo em busca de se tornar cada vez mais exibido e aumentar sua popularidade para ajudar na busca da reeleição. Brasília, Rio e São Paulo já foram testemunhas do carnaval da motocagem. Há décadas o fanfarrão fascista Mussolini, na Itália, costumava também fazer exibições públicas de moto. Era um lambe-botas de Hitler.
Milhares de motoqueiros (as) exibicionistas, embasbacados e certos de que o Chefe vai ganhar a reeleição, acham que é preciso fazer barulho desde logo. Avisar que eles estão chegando com suas motocas: – êeeba; fon-fon; piiiii; ram, ram; wruummm; simbora; saidebaixo – e qualquer grito ou barulho dos motores serve, além da buzina.
Lá vai o Messias motoqueiro e seus milhares de seguidores, estimulando os moradores das áreas percorridas a irem para as janelas. Para assistirem o espetáculo e para bater panelas, copos, pratos, latas de cerveja, talheres, enfim, o que aparecer. Quando passa o último motoqueiro do desfile, com a noiva na garupa, ele pega um megafone e grita: “Viva o Chefe.” O chefe não podia ouvir mas o gordão da motoca gritou: “Já dei meu aviso”.
O Brasil atravessa um dos piores períodos de sua história e o capitão motoqueiro a trabalhar pelo agravamento da situação. Provoca e xinga os adversários. Parece haver ultrapassado realmente os limites da educação e o respeito pelo cargo, se alguma vez o teve. Cada vez mais ostensivamente agride a todos, cria problemas, coloca os filhos da raça Zero em ação. Coisas que o povo brasileiro não atura mais. É um país ameaçado, sinais evidentes de provocação surgem dos fascistóides tupiniquins.
O futuro previsível se esgotará nas eleições de 22. Se algum cidadão decente não for eleito, e repetido um dos dois da dupla macabra – Lula e Bolsonaro – teremos mais um mandato de desgoverno e provocações. De todos os candidatos nenhum se destaca pelas qualidades e a competência, nem por representar algum estilo promissor e decente em sua formação. Todos são peças conhecidas da população e não despertam muita esperança.
Há ainda peças esdrúxulas como Luciano Huck, que acabou trocando a disputa de um mandato presidencial por um domingão com muito dinheiro. Ele ressaltou não haver jamais afirmado que queria ser candidato a presidente. Mas também nunca desmentiu e deixou a ideia correr até agora, quando vai comandar a chatice do Faustão. É uma divulgação extra. O Brasil tem um Huck na televisão, um Hulk no futebol e um Huck verde no cinema. Um verdadeiro caldeirão.
Os bolsonáricos históricos poderiam dar alguma utilidade ao negócio da passeata dos motoqueiros. Algo que seja útil à população carente e não apenas exibicionista e barulhenta. E que todos aproveitem para distribuir aos pobres alimentos, remédios, e 40% ou mais do que gastam para deixar suas máquinas brilhantes e cheias de adornos.
A indústria da propaganda também está de olho. Poderia promover um rally pelo Nordeste com mil motoqueiros de cada vez, e com o patrocínio dos grandes fabricantes de motos: Harley-Davidson, Honda, Kawasaky, BMW, Vespa, Lambreta e outros. Devido ao clima seco a ser enfrentado no sertão pelos concorrentes, haverá também patrocínio da Água Mineral Orvalho. Com e sem gás.
Os motoqueiros terão tudo o que precisar. Afinal, em seguidas homenagens ao chefe, eles acham que estão promovendo um movimento inédito para iniciar a recuperação do Brasil. E com o Chefe e candidato à reeleição batalhando de motocicleta, cavalo, jet sky, helicóptero, avião e outros transportes. Todos com aditivo de cloroquina.
— José Fonseca Filho é jornalista