Já que o futuro imediato não parece muito promissor para os brasileiros (as), em quase todos os setores em que possamos avaliar – e mesmo com disposição ao otimismo – as perspectivas não são animadoras. O país atravessa violenta crise decorrente da pandemia do coronavírus e tem um presidente que insiste no negacionismo, na pregação do ódio e da intolerância.
Certamente nem tudo estará perdido. A despeito do espírito provocador do presidente, e da receptividade de parcelas da população admiradoras de suas grosserias, é preciso esforço para impedir o avanço dos destruidores do Brasil. Aqueles ignorantes que imitam a corja de fascistas da era Hitler e se divertem pedindo a extinção do Congresso e do STF. Na verdade, da democracia.
A vida prossegue e os cidadãos (ãs) do bem não desistem das possibilidades futuras. Nem da luta por elas. Há sempre perspectivas estimuladoras do avanço da sociedade, e disposição na luta pelo desenvolvimento social e econômico.
Os grupos provocadores insistem no objetivo de impor um regime totalitário de direita e liquidar a democracia. Para preservar o Brasil, há exemplos do passado recente em período de revelação de lideranças políticas respeitáveis surgidas também num tempo de turbulências.
Os novos exemplos lembram quantas possibilidades terá o Brasil pela frente, e poderão estimular a população. O passamento precoce do prefeito Bruno Covas provocou consternação mas mostrou que há possibilidades do surgimento de grandes homens públicos entre nós.
Os (as) paulistas ficaram consternados (as). Já conheciam o administrador da capital, antes deputado federal e estadual. Sucessor de um dos mais respeitados políticos brasileiros, seu avô Mário Covas, que teve comportamento sempre correto.
Mário Covas foi deputado, senador, prefeito de São Paulo e governador do Estado, destacando-se pela competência e honestidade nas funções. Lamentavelmente perdeu a eleição presidencial. Assim como Bruno, milhões de brasileiros acompanharam a carreira política correta e profícua de seu avô.
Por esses e outros exemplos, os brasileiros podem ter confiança no país. Covas enfrentou a ditadura e participou da restauração da democracia. Bolsonaro até hoje exalta a ditadura, seus crimes e autores. E se diverte com isso.
As belas carreiras de Mário e Bruno Covas foram interrompidas pelo destino e a persistência de uma doença fatal. Mas lembram as qualidades e possibilidades que o país terá pela frente, com jovens da mesma capacidade e grandeza que vão surgir. Hoje o quadro político nacional é de má qualidade. O respeito da população por deputados, senadores e vereadores é mínimo. Mas pode até melhorar. Afinal, nossos políticos já erraram demais.
Mário Covas e o neto Bruno deixam um legado de honra e trabalho honesto nos cargos políticos que ocuparam. Não foi há muito tempo, por isso devem ser lembrados e tomados como exemplos nacionais. Bruno nunca foi agressivo nem populista. Eventuais interferências nas atividades culturais, para ele, era imposição de censura, que não aceitava. Sempre ligado ao filho Tomás, que passou seus últimos dias ao lado do pai, numa grande demonstração de amor.
Sem desespero, portanto. Em todas as épocas tivemos períodos de crescimento como de retração. Os brasileiros (as) não perdem a alegria e acreditam em si próprios. Tais problemas serão enfrentados por uma geração construtiva, com desprezo por um governo promotor de excessos e deseducação, como o atual.
Bruno Covas citava como prioridade atender às necessidades dos mais carentes, que nada possuem, e afirmava que “o vírus do ódio e da intolerância precisam ser banidos da sociedade”. Estimulado pelo atual presidente, é um dos maiores problemas que o Brasil enfrenta na atualidade.
— José Fonseca Filho é jornalista