Pode sempre haver alguém disposto a contestar ou criar confusão, mas já existe hoje um consenso entre as forças políticas de que a presidente Dilma Rousseff, uma vez afastada definitivamente pelo Senado, terá direito a todas as prerrogativas de ex-presidentes da República. Assim como José Sarney, Fernando Collor, Fernando Henrique e Luiz Inácio Lula da Silva, terá direito a oito funcionários – quatro para segurança e apoio, dois motoristas e dois DAS 5 – e a dois carros. Ex-presidentes não têm pensão nem salário.
Apesar de alguns terem questionado que, por sofrer impeachment, Dilma não teria direito às prerrogativas de ex-presidente, o argumento foi derrubado. Afinal, a presidente completou seu primeiro mandato, independentemente de ser destituída do segundo. Ao tratar do caso, Michel Temer não pestanejou: quer que Dilma tenha tudo a que tiver direito e mais alguma coisa. Virada a página da votação do impeachment, Temer determinará que sejam dadas a Dilma todas as condições para fazer sua mudança no tempo que desejar. O presidente do Senado, Renan Calheiros, pode até votar contra ela semana que vem, mas, como responsável pela Casa que decreta o afastamento definitivo, vai facilitar as questões práticas depois que tudo passar.
Michel Temer, que no plano pessoal gosta de mostrar cordialidade e elegância, não quer passar à história como autor de qualquer ato mesquinho contra a antecessora. A essa altura do campeonato, porém, não se sabe se vai adiantar muito ser cavalheiro na saída.