O noticiário em torno do poder estava até o dia 17 de maio de 2016 voltado principalmente para os acontecimentos no Palácio do Planalto. O novo presidente, Michel Temer – que assumira a cadeira de Dilma Rousseff após o impeachment – se dedicava a finalizar a composição do seu ministério e dava atenção às costuras políticas para sedimentar sua base de apoio no Congresso. Além disso, os olhos não somente da mídia mas também do chamado mercado, dava especial atenção aos movimentos da economia. Henrique Meirelles assumia o Ministério da Fazenda e definia a equipe que, juntamente com ele, tinha a meta de reajustar as finanças do país. Era momento de expectativas.
Porém, um tema temporariamente deixado de lado voltava a dominar o cenário da política: a situação de Eduardo Cunha.
Acusado em processo por ter mentido na CPI da Petrobrás – quando negou possuir contas em bancos da Suíça, e de receber propina por negócios ilegais com a própria Petrobrás – o deputado carioca teve sua função de presidente da Câmara suspensa e seu mandato de deputado posto em questão pelo Supremo.
O Conselho de Ética da Câmara viria a se reunir daí a dois dias para ouvir a defesa de Cunha. Esperava-se que ele próprio o fizesse. Seria a primeira vez que retornava à Casa que presidiu desde seu afastamento pelo STF. O relator do caso na comissão de deputados, Marcos Rogério, já havia declarado que ia pedir a cassação definitiva de seu mandato.
Dias depois, Eduardo Cunha era preso, levado para Curitiba em um avião pela Polícia Federal. Foi julgado e condenado. Teve penas revistas e hoje cumpre prisão domiciliar.
Orlando Brito