Durante anos, as relações entre Michel Temer e Renan Calheiros poderiam ser classificadas, se não estremecidas, como frias. Sempre marcadas por uma desconfiança recíproca. Hoje eles vivem uma espécie de lua mel. Trocam figurinhas diárias, viajaram juntos para assistirem no Rio de Janeiro a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos e vão para a China participar da reunião do G 20.
Mesmo com toda essa aproximação, Renan Calheiros ainda não declarou como vai votar no julgamento de Dilma Rousseff. Isso não quer dizer que o presidente do Senado esteja indeciso. Mais do que ter feito uma opção, ele está trabalhando para ampliar a votação a favor do impeachment.
Senadores aliados de Renan contam que ele sugeriu ao governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que liberasse o voto do senador Elmano Ferrer (PTB-PI). O argumento de Renan foi de que não há mais dúvida de que, a partir da próxima semana, Temer será o presidente efetivo do país. Por isso, com o voto de Ferrer, o governador poderia abrir mais um canal de relacionamento com o Palácio do Planalto.
Renan está convencido de que Elmano Ferrer votará pela cassação de Dilma. Ferrer não confirma isso. A Tales Farias, ele disse que votará contra. Em outras entrevistas, ele afirmou que não antecipará seu voto.
Independente de como votará o senador pelo Piauí, o fato mais relevante é que Renan não apenas desceu do muro como atua em favor de Temer. Isso é, no mínimo, um indicativo de como ele próprio votará.