Teremos mais uma estátua de Nosso Senhor Jesus Cristo a ser inaugurada nos próximos meses, a qual será a maior do Brasil. Supera em poucos metros o Cristo do Corcovado, no Rio, que com vasta paisagem morro abaixo forma um dos maiores espetáculos da natureza, em visão deslumbrante. O Cristo observa, do alto, o monte de problemas desenrolados a seus pés, atingindo o povo e a cidade. Mas resiste e torce firmemente, jamais cruzando os braços, pela melhoria da vida e da humanidade.
Fora das igrejas existem 122 estátuas de Cristo nas praças e morros do Brasil, sujeitos à adoração dos fiéis, e para uma fisgada na renda do turismo, pelas prefeituras. O mais novo e mais alto (43m) está na pequena cidade de Encantado (RS), e o estilo arquitetônico lembra o do pioneiro Corcovado. Todos se transformam em atração turística e fonte de renda mais do que a religião, convenhamos. No maior país católico do mundo, porém, é compreensível.
O Cristo gaúcho custará R$ 2 milhões. Metade já foi paga através de contribuição voluntária de moradores da cidade, empresários, trabalhadores, entidades e outros. Dos cofres oficiais juram que nada saiu. Iniciativas do tipo não deveriam ser exclusivamente por inspiração e motivo religioso. Onde for factível as comunidades deveriam contribuir com recursos próprios para ajudar os pobres com alimentos, roupas, escolas, postos de saúde, moradias. Hábito a ser estimulado com a mesma fé do louvor a Jesus.
Insinua-se certa disputa entre adoradores dos cultos, a nível de exaltação da estética das estátuas. Tal comportamento jamais esteve nas pregações de Jesus pela Galileia, nem nas mensagens divinas. A humanidade deve se organizar e cooperar entre si para fomentar o amor e a fraternidade. O monumento mais conhecido pela antiguidade e sua colocação na paisagem é o do Rio de Janeiro. Ele é o Cristo Redentor. Em Encantado, o mais novo, é o Cristo Protetor. Falta um de que o país mais necessita: o Cristo Salvador.
Nosso Senhor Jesus Cristo é amado pela população brasileira, seus ensinamentos servem de amparo aos sofredores, milhões. Suas mensagens se espraiam pelo mundo, pelos céus, de forma crescente a despeito de alguma confusão entre os vários tipos de religiões. Jesus está nas artes, na literatura, na música, no amparo à doença, no apoio aos pobres. No combate às discriminações e à violência.
Um de nossos maiores cantores, Roberto Carlos, jovialmente acaba de completar 80 anos, e tem entre seus maiores sucessos uma bela canção sobre Jesus. Indagado sobre as coisas mais importantes de sua vida, nesta ocasião, Roberto Carlos respondeu: o Amor, e Jesus Cristo. Daí pequena alteração em uma de suas músicas mais famosas, “Jesus Cristo”, colocado no plural:
“Jesus Cristos, Jesus Cristos, Jesus Cristos, eu estou aqui.”
Estamos.
— José Fonseca Filho é jornalista